Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Jejum e abstinência (*)

(*) Manuel Serrão, no Jornal de Notícias muito melhor de Miguel Sousa Tavares

Estamos em plena quadra pascal. Tempo de jejum e abstinência, mas também tempo de ressurreição. É extraordinária a coincidência que está prevista para o próximo domingo de Páscoa. Neste dia, Portugal pode assistir, pela primeira vez em directo e ao vivo, à ressurreição de Jesus. Sobretudo os cristãos sabem que a Páscoa não é para brincadeiras, como não deve ter sido seguramente brincadeira nenhuma todo o sofrimento daquele judeu e do seu calvário todo até ser crucificado.

Outra situação bem diferente e que já permite alguma brincadeira (mais vale brincar que chorar) é esta, repito, fantástica coincidência de podermos ver no próximo domingo Jorge Jesus passar de treinador quase crucificado no final da época passada a treinador que ressuscita as boas graças dos adeptos e, há quem acredite também, dos dirigentes da Luz. Do outro lado desta intrigante coincidência temos igualmente o F. C. Porto a atravessar uma época caracterizada por um enorme jejum de vitórias e uma quase total abstinência de títulos.

Para quem acredita, o sacrifício de Jesus permitiu a redenção da Humanidade e isso leva-me a perguntar que Jesus ou quantos "meninos Jesus" serão precisos imolar para conseguir a redenção do F. C. Porto. Libertado Paulo Fonseca (ainda que tarde e a más horas) seguem-se na linha de responsabilização tradicional os jogadores. Não sendo já possível atribuir as culpas do que há para perder daqui para a frente apenas ao mau desempenho de Paulo Fonseca, nem havendo nenhuma razão aparente ou plausível para assacar agora essas culpas a Luís Castro, são os jogadores que não podem falhar a resposta que é preciso dar no jogo de hoje na Luz, onde está em jogo a última competição da época que vale a pena festejar.

A resposta que os jogadores do Porto têm de dar hoje à noite é uma resposta que servirá para várias perguntas. Desde logo, quase todos os portistas como eu querem saber se temos homens e jogadores capazes de estar à altura dos pergaminhos do F. C. Porto e por isso podermos acreditar que os maus desempenhos anteriores têm outras razões. Mas também queremos saber se a vitória e exibição arrasadora da primeira mão é o espelho verdadeiro desta equipa, ou se foi apenas um instante de qualidade, diante de um adversário que apresentou um instante de fraqueza. Mais do que a importância de juntar a hipótese de vencer a Taça de Portugal à Supertaça já conquistada, o que o jogo de hoje me vai ajudar a perceber é a profundidade da revolução necessária e já prometida pelo presidente Pinto da Costa.

Se no cenário da Luz, perante uma equipa que transborda de compromissos, esta equipa do Porto não for capaz de segurar a vantagem (ou até ampliá-la), e pelo contrário permitir que ela se esfume como se esfumou em Sevilha, então, temo que a revolução já anunciada pelo presidente venha a ter de varrer o plantel de lés a lés.

Não ficaria de bem com a minha consciência e estaria a faltar à verdade se não dissesse aqui que também para logo a minha esperança é que Pedro Proença não cometa erros ao nível do erro grosseiro que começou a derrotar o Porto em Sevilha, nem sequer similares aos erros que o próprio Pedro Proença cometeu no último clássico de Alvalade.

Como muitos estarão agora a pensar, referidos os treinadores e nomeados os jogadores, estão a faltar os dirigentes. Dirigentes no F. C. Porto com palmarés e histórico na gestão do futebol e ainda vivos, lamento muito, mas só conheço um: Jorge Nuno Pinto da Costa. É a ele que nos últimos trinta anos estamos habituados a louvar em cânticos e a reconhecer os louros das vitórias. É por isso nele que devemos ter uma confiança cega de que é capaz de operar e liderar a revolução que vier a ser necessária, com a profundidade que se tornar obrigatória.

Até ao dia em que ouvir da sua própria boca que desistiu, ou me for exibido um atestado médico de incapacidade, tenho pena, mas não me convencem com essas histórias que por aí circulam de que se as coisas correram mal este ano, é porque já não é ele quem manda.

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