Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Então andavam a espiar a justiça para estar 10 anos à frente e depois perdem contra uma equipa com o Marega? (por Lá Em Casa Mando Eu)

OLÁ A TODOS!
BEM-VINDOS À MINHA OPINIÃO SOBRE O E-TOUPEIRA!
ESTÃO TODOS A LER BEM?
(Peço desculpa se ocupei muito do vosso espaço no visor ou ecrã, mas queria ter a certeza que todas as pessoas com dificuldades de visão, leitura ou memória tinham acesso a este conteúdo.)
Tem vindo a ser conhecida esta semana a acusação do processo e-Toupeira e, até agora, como seria de esperar, temos todos reagido de forma bastante serena, isenta e apenas assente em princípios como a verdade, a justiça e a coerência.
Mas, como estamos perante um caso que envolve um clube grande, e isto do futebol mexe muito connosco, é natural que, de vez em quando, apareça uma ou outra opinião mais radical. Também admito que, raramente, haja alguém que seja capaz de defender afincadamente uma versão dos factos, por se tratar do seu clube ou do seu clube rival, e que, noutra altura da vida, tenha tido uma posição exatamente contrária, por se tratar do seu clube ou do seu clube rival.
Infelizmente, são casos pontuais que não conseguimos evitar, mas, se vieram aqui parar, podem confiar que o que se segue é uma opinião desinteressada, assertiva e com o único objetivo de contribuir para que os benfiquistas sintam que o seu clube cheira mal.
Ora, mas vamos aos factos, essa constante nas minhas análises. Entre coisas como oferta ou recebimento indevido de vantagem e a bela da corrupção, a SAD do Benfica foi acusada de 30 crimes e Paulo Gonçalves (o diretor jurídico que entretanto já era só assessor e qualquer dia era só um senhor que ia a passar na Luz) de 79. Claro que isto é só uma fase processual - ser acusado não significa ser condenado -, mas estamos já aqui perante um traço bastante característico deste clube: 30 + 79 são 109 crimes alegadamente cometidos (só neste processo!). É mesmo à Benfica, tudo à grande! RUMO AOS 110!
Para chegar a estes crimes todos, o Ministério Público elenca uma série de alegações em relação aos elementos de prova que recolheu. (E peço desculpa se esta minha frase ficou um bocado chata, mas isto quando se trata de justiça não pode ser só poesia.) Segundo, então, a acusação, as “toupeiras” consultaram centenas de vezes processos que envolviam o Benfica ou os rivais, com o objetivo de informar Paulo Gonçalves e, assim, obter uma vantagem para o Benfica.
Portanto, na verdade, os senhores procuradores estão chateados porque, ao contrário do que todos os dias alegamos nas redes sociais e nos fóruns de opinião pública, havia pelo menos duas pessoas ligadas à justiça que trabalhavam imenso. Enfim, não se percebe.
Além disso, notei que, entre os processos consultados, estava, por exemplo, o caso das viagens pagas a políticos pela Galp para irem a jogos do Europeu. Ou seja, a confirmar-se a teoria do Ministério Público, o Benfica estava interessado em saber se os nossos secretários de Estado e afins não estavam a ser aliciados por uma empresa, com a qual até estavam ligados pela pasta que detinham no Governo, certamente com o intuito de os denunciar à sociedade e de lutar sempre pela transparência do nosso sistema político. Agora que a PJ estragou tudo, quem é que irá continuar a zelar pelos nossos interesses, enquanto cidadãos, nestes casos?
Pois é, disto ninguém fala.
Bem, voltando à teoria da acusação, em troca dessas informações, as “toupeiras” receberiam camisolas, bilhetes e até lugares para estacionar. Ora, dizem os defensores dos acusados que isto não é suficiente para corromper alguém e que o Ministério Público tem uma versão muito fraca por isso mesmo.
Eu, por acaso, acho que quem anda nisto do futebol sabe bem o quão difícil é ter dinheiro para as primeiras duas e nem vamos falar do estacionamento, porque o meu marido está sempre a dizer-me que tem de ir mais cedo para a Luz para ter lugar para o carro e eu não acredito que isto seja uma desculpa para estar mais tempo a comer bifanas e beber cervejas com os amigos, em vez de estar a fazer alguma coisa em casa, ou a tomar conta do filho, ou num programa romântico comigo.
Outra coisa que as “toupeiras” terão recebido foi o acesso à zona VIP do estádio, permitindo-lhes, por exemplo, estar perto das estrelas do Benfica, um privilégio pelo qual muitos adeptos dariam, sei lá, um órgão. Ora, eu já vi algumas das fotos a circular e um dos acusados tirou uma foto com o Douglas, portanto esta teoria cai por terra.
Eles andavam ali a tirar fotografias com qualquer um, claramente. Além disso, parece que constam algures umas transferências bancárias por explicar, mas eu ouvi o Pedro Guerra a dizer que sabe para o que eram e que não têm nada a ver com o Benfica, portanto, perante tal evidência, creio que podemos dar este caso por encerrado.
Estas trocas e baldrocas seriam, então, combinadas por Whatsapp, que toda a gente acreditava, até aqui, ser o melhor meio para trair o marido ou a esposa e corromper funcionários judiciais. Até isto nos tiraram, enfim. Das poucas mensagens que vi, confesso que algumas me chocaram. Uma pessoa que segue atentamente o mundo do futebol está preparada para tudo, mas dificilmente se recupera de uma afirmação como “Não deves postar fotos no face, amigo”. Postar. No face. Isto é demais, meus caros, com isto não posso compactuar! O processo até pode não dar em nada, mas, por favor, que estas pessoas sejam bem punidas pelo crime de dizer “postar no face”.
Algumas mensagens eram menos específicas do que esta e assentavam em códigos. Por exemplo, um dos acusados seria tratado como o “amigo 66”, provavelmente uma referência à antiga glória do Benfica José Augusto e ao Mundial de 66, o que demonstra que estamos perante “toupeiras” apaixonadas por futebol. E é aqui que o meu lado emocional dá por si a pensar se pessoas que corrompem o sistema judicial em prol de um clube não serão, afinal de contas, apenas e só os melhores adeptos e dirigentes do mundo. Dá que pensar, não dá?
No entanto, parece que também há lá umas escutas pelo meio, o que é pena, porque todos sabemos que é um meio que só vem descredibilizar a investigação. Felizmente, desta vez a Justiça tem conseguido evitar que essas conversas venham todas cá para fora - através daqueles famosos canais que chegam rapidamente a toda a gente, seja o YouTube ou o Correio da Manhã -, porque, da última vez que ouvi uma escuta relacionada com corrupção no futebol, ainda o árbitro “pode ser o João” Ferreira podia apitar e só essa recordação causa-me arrepios.
Juntando isto tudo, o Ministério Público acredita que o Benfica acabou por retirar benefícios desportivos destes eventuais crimes. É uma alegação difícil de provar porque, por exemplo, no caso do Apito Dourado, estiveram em causa dois jogos muito específicos do FCPorto: contra Beira-Mar e Estrela da Amadora, ambos disputados por aquela equipa treinada pelo Mourinho que ganhou umas cenas, sendo que um deles acabou em empate. Portanto, aqui era óbvio que o FCPorto retirou um enorme benefício desportivo. Só que, neste caso, referente às épocas 2016/2017 e 2017/2018, a acusação não nos consegue dizer assim: “Epa, o Nuno Espírito Santo não era brilhante, mas a verdade é que só não foi campeão porque o Benfica andou a roubar”.
É assim que sentimos a fragilidade do Ministério Público. Então andavam a espiar a justiça para saber mais do que os outros e agir de forma a estar uns 10 anos à frente da concorrência e depois nem são campeões contra uma equipa que tem o Marega? Por favor, ninguém acredita nisto, sejam sérios.
Portanto, penso que estamos todos de acordo que, tal como nos anda a avisar André Ventura há imenso tempo, isto não tem nada a ver com o futebol. Mesmo a provar-se isto tudo, o Benfica só corrompeu, traiu e obstruiu a justiça, um dos pilares da democracia. É preciso ser-se um bocadinho choninhas para dar tanta importância a isto.
Quem fez bem foi o senhor ou a senhora daquela papelaria que virou os jornais todos ao contrário, destacando as notícias mais relevantes que normalmente aparecem na última página e que podem ser esquecidas por aqueles lambões que só veem as capas. Aliás, sugiro até que, por estes dias, as papelarias do Estádio da Luz vão buscar aqueles jornais do Apito Dourado à gaveta e os coloquem novamente à venda. Eu gosto é de ver as pessoas felizes, para tristezas já nos bastam, lá está, as notícias.
Sobre as eventuais consequências deste processo, estive a ouvir atentamente alguns “especialistas em direito desportivo” que têm rodado os meios de comunicação social de forma a informarem-nos corretamente sobre o quão espetacular é este clube e o seu presidente e estou plenamente convencida que o Benfica não só vai ser absolvido, como vai acabar por provar facilmente em tribunal que descobriu a cura para o cancro e acabou com a fome no mundo. Já tenho algumas dúvidas se isto não irá sobrar para Paulo Gonçalves, mas, tendo em conta que ainda vêm aí emails, jogos viciados, jogadores aliciados e etc etc, penso que já estamos numa fase em que podemos confiar que poucas pessoas do Benfica conseguirão sair limpas disto.
Quanto à chamada pena acessória, que inclui a possibilidade de suspensão de participação do clube em provas desportivas, devo dizer que sou absolutamente contra esta ideia, mesmo que se prove a corrupção. Vários dos momentos mais belos da minha vida foram passados a competir contra o Benfica e, entretanto, essa alegada corrupção tirou-me pelo menos o campeonato de 2016/2017, portanto sinto-me duplamente prejudicada. Imaginem o que teria sido privarem-me daquele golo do Herrera em cima dos 90 minutos só porque agora somos todos sérios e não aceitamos uns favores no mundo do futebol. Seríamos melhores pessoas se ficássemos sem aquele golo do Kelvin ou aquele campeonato festejado na Luz, em troca da verdade desportiva? Pensem nisso e verão que as respostas são muito óbvias.
Não sei, então, qual será o caminho que isto irá tomar em termos desportivos. Mas sei que podemos estar descansados porque, se a sociedade tem alguma tendência em desconfiar da justiça, nós, os adeptos, temos todos os motivos para confiar nas instâncias desportivas. São tantos os exemplos de rapidez, seriedade, isenção e justiça a que estas nos habituaram, que tenho a certeza que, quaisquer que sejam as decisões, não deixarão lugar a dúvidas ou revoltas. Quando tudo isto acabar, vamos todos poder respirar melhor.
O futebol vai ser um lugar mais bonito e, desde que o FCPorto continue a ser campeão e o Benfica esteja para lá da segunda divisão, podem contar comigo para continuar a promover este espetáculo que mexe muito connosco.
(Agora imagino que, no final deste texto, José Rodrigues dos Santos esteja tentado a perguntar-me se há algum benfiquismo da minha parte nesta análise. No entanto, além de sócia e adepta ferrenha do FCPorto, devo esclarecer que também não acho muita graça ao Benfica.) [daqui]

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