Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Datas com História: 3 de Fevereiro de 1945

Quando a guerra chegava já às últimas semanas, os exércitos aliados, e em especial os russos, encontravam-se no centro do território alemão. Como Dresden não possuía importantes pólos industriais e nem uma posição estratégica importante no cenário da guerra, nem aglomerações de tropas alemãs e, portanto, quase nenhuma defesa antiaérea, nenhum dos seus habitantes jamais contaria que nesta data ocorreria um ataque maciço pelos bombardeiros anglo-saxões. Além disso, a cidade, com seus então 670 mil habitantes regulares, estava - naquelas semanas gélidas - abarrotada com centenas de milhares de refugiados e desalojados de outras capitais alemãs, como Berlim, Hamburgo e Colônia, todos idosos, mulheres e crianças, vindos das províncias orientais da Alemanha, sobretudo da Silésia, e tentando se salvar da fúria dos exércitos soviéticos. Jamais se saberá quantos deles desapareceram no fogo dantesco, pois não estavam registrados, e como migravam sempre em grupos familiares, quando morreram, ninguém mais existia para procurá-los.

A ordem para atacar Dresden foi dada por Winston Churchill e executada pelo chefe do Bomber Command, Sir Arthur Harris. Hoje, já foi reconhecido que Churchill se preparava para a conferência de Jalta (de 4 a 11 de fevereiro de 1945), onde ansiava impressionar Josef Stalin com a força de destruição da Inglaterra. Para isso, ele precisava de fatos. Assim reiniciou um novo ciclo de terríveis ataques contra alvos civis. Harris - apelidado de Bomber Harris - comandava os ataques contra a população civil, dizendo bravamente: “Já eliminei 48 importantes cidades alemãs, mas me faltam ainda umas 12”.

A seqüência de ataques iniciou-se em três de fevereiro de 1945, com 937 aviões sobrevoando Berlim, seguida por mais cinco ataques contra outras cidades. Em seguida, Dresden. O extermínio de Dresden começou em 13 de fevereiro de 1945, às 22:13 horas, continuando em 14 e 15 de fevereiro. Nesses três dias, pouco antes do fim da guerra (08/05/1945), a cidade foi mais de 80% destruída, despejadas 10 mil bombas, todas explosivas, e mais de 670 mil incendiárias, um total de 6.880 toneladas de material militar. E, ainda mais, uma desconhecida quantidade de galões de napalm e fósforo, que transformaram os corpos humanos em tochas vivas.

Nos ataques a Dresden, participaram 805 aviões da RAF (Royal Air Force) e 311 da USA Air Force, um total de 1.116 aviões. Os pilotos foram enganados sobre os reais motivos dos ataques pelos seus líderes, recebendo apenas informações de que Dresden seria um marco importante do transporte ferroviário e um ponto de reunião de tropas alemãs, fato que jamais correspondeu com a realidade. O que a RAF ainda não havia eliminado nas noites de 13 e 14 de fevereiro a força aérea dos Estados Unidos incumbiu-se de finalizar no dia 15, jogando mais bombas - bombas no meio do inferno. E para finalizar, os aviões, em vôos rasantes na baixada do rio Elba, abriram fogo com suas metralhadoras e canhões contra tudo que se movia. Para esse local, haviam se deslocado muitos refugiados. O número de vítimas foi terrível! Nem os caminhões da Cruz Vermelha, cheios de feridos, escaparam do bárbaro ataque.

Na época, nações do mundo inteiro, inclusive os anglo-americanos, se perguntaram: “Para acabar com o nazismo, era preciso eliminar primeiro mulheres e crianças? Libertar a Alemanha, eliminando o seu povo?” Quanto ao número de vítimas, só Deus sabe ao certo. De acordo com documentos da prefeitura de Dresden, até a noite do dia 20 de março de 1945 foram encontrados 202.041 corpos, quase exclusivamente de mulheres e crianças. Como foi possível apenas identificar 30% dos mortos, 68.650 corpos foram queimados em praças públicas e as cinzas enterradas nos cemitérios. As buscas continuaram durante meses, e em 1946/1947 foram encontrados espaços subterrâneos cheios de corpos. Pessoas que provavelmente se refugiaram das chamas, mas que devido à falta de oxigênio morreram sufocadas.

A Cruz Vermelha Internacional, organização insuspeita, estima no Report of the Joint Relief 1941 – 1946 o número dos mortos em Dresden em 275 mil. Outros cálculos se aproximam de 350 mil. Em todo caso, o número de mortos civis é bem mais alto que os de Hiroshima - 90 mil mortos - e Nagasaki - 70 mil - no Japão. Muitos, por motivos óbvios, tentaram e ainda tentam vergonhosamente reduzir o número de mortos, chegando a cifras entre 10 e 30 mil. Até parece que querem deixar os mortos morrerem pela segunda vez... O certo é que nunca se saberá o verdadeiro número de vítimas, porque naquela fogueira gigantesca quase nem cinzas sobraram. Vale apenas lembrar que, apesar deste resultado devastador, a cidade ainda não havia sofrido o bastante, porque em 17 de abril de 1945, apenas 20 dias antes do fim da guerra, mais uma vez 590 bombardeiros da USA Air Force lançaram 1.732 toneladas de bombas sobre Dresden novamente. Era o fim.

O velho poeta Gerhart Hauptmann, criado em Dresden, que assistiu ao extermínio da belíssima cidade à distância, dizia: “Quem desaprendeu a chorar o reaprende, com o extermínio de Dresden”. Um pedido de perdão ou desculpas, como a Alemanha o fez em Coventry, jamais foi feito pela Inglaterra ou os Estados Unidos. Somente o bispo inglês Simon Barrington-Ward mencionou, em frente ao memorial dos mortos em Dresden: “Nós todos precisamos do perdão”. É reflexiva a atitude de, após 47 anos da destruição de Dresden, o “Bomber-Harris” ser homenageado com a construção de um memorial, sendo este inaugurado pela rainha-mãe da Inglaterra. A tragédia sublinhou a insanidade da guerra e enlutou para sempre a memória dos seres humanos. Dresden, que hoje conta com apenas 500 mil habitantes, povo alemão que poucos anos depois do fim da guerra se pôs de pé e reiniciou a reconstrução e restauração de importantes e belíssimos monumentos arquitetônicos históricos da cidade, e continua a fazê-lo até hoje. Sem sombra de dúvidas é uma cidade maravilhosa que renasceu do pó e das cinzas de maneira quase inacreditável – uma benção dos céus, um milagre. Dresden recebe hoje a visita de turistas do mundo inteiro.

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