Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Opinião: O equívoco de Villas-Boas sobre a importância do amor

André Villas-Boas fez o que podia fazer para se distinguir de José Mourinho na chegada à liderança técnica do Chelsea: limou a gramática e aprimorou o sotaque. E deveria ter ficado por aí, porque o resto da comparação há-de ser feita exclusivamente à força de resultados, ou seja, melhorar os feitos do "Special One", duas vezes campeão inglês e uma meia-final da Liga dos Campeões após 50 anos passados no deserto pelo emblema londrino.

Acontece que Villas-Boas não resistiu e voltou a encenar e interpretar o monólogo da "cadeira de sonho". Quer dizer: explicar que, tal como há um ano, não foi o dinheiro que o fez mover. Então de adjunto de Mourinho no Inter de Milão, agora de principal no F. C. Porto para substituto de Ancelotti no clube que Roman Abramovich comprou como espécie de carta de alforria da União Europeia para os seus negócios planetários.

Só que esta é uma explicação sem sentido, sobretudo porque Villas-Boas chegou ao ponto de nos fazer crer que o F. C. Porto lhe terá oferecido melhor salário do que aquele que o seu novo patrão lhe vai pagar, o que é verdadeiramente inacreditável para o mais comum dos gestores desportivos, para não falar no simples cobrador de impostos.

A menos que as dúvidas de Abramovich sobre este bisneto do visconde de Guilhomil se tenham abatido sobre uma formulação do contrato em que o nosso conterrâneo será remunerado à jorna, consoante a vindima de pontos que consiga. Ou seja: ordenado de plebeu e prémios de nobre.

Outra hipótese que vale a pena encarar é a de que Villas-Boas possa ter ficado prisioneiro do discurso com que chegou ao Dragão, afirmando-se na linhagem do falecido e muito britânico Bobby Robson: o espectáculo como forma superior do resultadismo de que dependem as grandes equipas, o jogador como princípio de tudo contra o ego do treinador, o amor ao emblema como garantia do espírito de missão. Uma série de coisas que à primeira vista o distinguiam de José Mourinho, menos uma: o dinheiro. Nisso, o povo da bola passou a vê-los como irmãos siameses. O que, sendo natural para quem vê o futebol como um espectáculo de profissionais que apenas devem ser competentes, nada tem de mal.

Depois de ter dito que percebia que os portistas considerassem a sua transferência uma traição, apesar dos 15 milhões de euros cobrados pelo F. C. Porto, Villas-Boas não tinha necessidade de reencenar "a cadeira de sonho". Até porque Roman Abramovich não dá certamente tanta importância ao amor ao trabalho quanto Pinto da Costa. Simplesmente porque não precisa: compra-o.

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