O corrupto benfica e a normalização da corrupção desportiva

O Benfica está de parabéns e conseguiu a proeza de normalizar os casos de corrupção que o envolvem. Ontem à tarde soube-se de mais um caso de corrupção relacionado com o Benfica, com a acusação ao empresário Miguel Pinho de ter tentado corromper o jogador Edgar Costa para perder com o Benfica.

É uma acusação muito grave, é uma acusação de adulteração da verdade desportiva, uma espécie de pré-confirmação (a confirmação geral só poderá chegar após o julgamento) de tudo o que se foi dizendo sobre aquelas quatro épocas de 2013/14 a 2016/17, pelo menos essas.

Era, por isso, expectável que a imprensa de hoje pegasse no assunto, o aprofundasse, o explicasse, mas é desolador verificar que para a imprensa generalista haver um empresário, mais um, a ser acusado de corrupção para beneficiar o Benfica já nem merece ser noticiado e dos quatro jornais generalistas só o CM tem uma pequena notícia na última página. Os três desportivos dão a notícia, pequena, ninguém traz qualquer reação do Benfica, sendo que ninguém o diz ter sequer tentado.

Curiosamente, todos os jornais noticiam abundantemente um apequena questiúncula sobre o leilão das ações da SAD do Benfica que eram propriedade de Luís Filipe Vieira, apesar de isso não ter qualquer interferência no governo do Benfica.

Os media são normalmente chamados de quarto poder por terem a capacidade de desafiar, de tornar público o que os poderosos não querem que seja público, mas parece que aquele célebre “power point” do Benfica com o plano para os anos seguintes, está hoje em velocidade de cruzeiro.

Quem também não fica bem na fotografia são os clubes adversários, o meu à cabeça, que tinha a obrigação de manter a luta pela verdade desportiva com posições concretas e não com discurso vazio e sem significado, mas também todos os outros, que continuam cobardemente cúmplices destas vigarices. Finalmente, o silêncio dos novos senhores da federação e da Liga também é um péssimo sinal de que tudo vai continuar na mesma.