Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!
Foi a 27 de Fevereiro de 1892 que 105 homens perderam a vida no mar, 70 pescadores poveiros e 35 pescadores da Afurada. Uma tragédia que levou à fundação do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) por ordem da Rainha D. Amélia.
No final do século XIX ainda não existiam traineiras, barcos a motor, sendo a pesca realizada por pequenos barcos à vela. Nesse dia de 27 de Fevereiro de 1892, só a frota sediada na Póvoa de Varzim contava 577 embarcações com 1970 pescadores no mar. As embarcações concentravam-se na pesca da pescada que os atraía ao mar da Cartola, ao largo de Aveiro. Mudanças súbitas do estado do mar conduziram aos naufrágios que mataram num só dia 105 homens da Póvoa de Varzim e da Afurada. Muitos barcos procuraram refúgio em Vilagarcía de Arousa, na Galiza. A dimensão da tragédia teve forte impacto na época sendo a causa da criação do Instituto de Socorros a Náufragos. Em 1892, como o Porto de Abrigo de Leixões estava já operacional muitas famílias optaram por passar a trabalhar a partir de Leixões.
Esta tragédia marítima envolveu pescadores poveiros e da Afurada e atingiu toda a colmeia piscatória.
António dos Santos Graça, na obra “Epopeia dos Humildes: para a história trágico-marítima dos poveiros” escreveu:
“ A tragédia de 27 de Fevereiro de 1892 fez mergulhar em negro o garrido trajar poveiro. Não houve lar onde não entrasse o luto. Heroicidade, abnegação, de tudo houve nesse dia de angústia! A tempestade surpreendeu as lanchas no mar da Cartola a sudoeste de Aveiro. Duas lanchas, a do tio Praga e a do tio Jéque, caminhavam a par, apenas com uma latina, a caminho do norte. Tinham que seguir como Deus fosse servido, porque não havia força humana que as pudesse desviar do seu curso tempestuoso. Sem um minuto de descanso, os homens das companhas esforçavam-se para deitar fora a água, que as vagas alterosas teimavam em atirar para dentro das embarcações. Os mestres eram compadres e amigos. As companhas afoitavam-se mutuamente para não esmorecerem. Mas uma – a do mestre Jéque – pelas alturas de Esposende, encheu-se de água e soçobra; a outra tenta, mas não pode acudir-lhe. É o mestre da que naufraga que grita:
– ‘Não tentes o socorro, compadre, que morreis todos. Deus te guie e leve a salvamento! Leva o último adeus para as nossas mulheres e nossos filhos! Até à eternidade, compadre!’
O velho mestre João Praga levantou a mão num gesto de despedida mas não respondeu. Duas lágrimas rolaram-lhe pela face – mas ninguém mais lhe ouviu uma palavra. Leme bem firme, todo o dia e toda a noite até ao alvorecer do dia seguinte, em que entrou em Vila Garcia, na Espanha. Salvou a companha. Dois dias depois chegava à Póvoa, de comboio. Após a tragédia nunca mais comeu, nunca mais falou. Oito dias depois da sua chegada – morria! A grande dor de não poder salvar – matou-o!…”
Manuel Lopes, no Póvoa de Varzim Boletim Cultural, vol.XXIX, nº1 e 2 (1992) sob o título “Evocação da tragédia marítima de 27 de Fevereiro de 1892”, regista o seguinte:
“Data imperecível, como que gravada a fogo vivo na memória poveira, só esta: 27 de Fevereiro de 1892. Quase sempre referido sem a mencionação do ano, que bem basta o dia e o mês aziago para reacender a angústia de uma tragédia que vestiu de longo e pesado luto a nossa colmeia piscatória.
Um doloroso acontecimento que foi tecendo, geração em geração, um profundo sentimento trágico e um consciente e respeitoso temor pelo Mar amado, ainda hoje presente na memória e nas vivências quotidianas dos nossos pescadores.
Evocação gerada por múltiplas reminiscências onde o tempo vivido e os testemunhos herdados e transmitidos por tradição assumem um carácter mítico, que a imaginação e a realidade confrontam e transfiguram.”
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