Porque hoje passam 200 anos do nascimento de Camilo Castelo Branco..
O PORTO DE CAMILO
Podemos, e devemos, percorrer a cidade à procura de encontrar as marcas de Camilo, da sua vida e da sua obra.
Vamos pois, em busca de sinais camilianos no burgo.
Sim, não tenhamos dúvidas o Porto é decididamente a cidade de Camilo.
CADEIA DA RELAÇÃO
Aqui Camilo esteve preso duas vezes.- e sempre pelos chamados crimes de coração.
A primeira vez foi de 12 a 23 de Outubro de 1846. João Pinto da Cunha que, em Vila Real vivia com a tia Rita. ao saber que o jovem se apaixonara por Patrícia Emília de Barros, que contava à época 20 anos.
Acusou-o falsamente (como mais tarde confessou), de lhe ter roubado 20.000 cruzados.
Os dois amantes permaneceram na cadeia durante alguns dias.
No segundo período, Camilo esteve preso desde 1 de Outubro de 1860 a 16 de Outubro de 1861.Ana Plácido estava aqui desde 6 de Junho de 1860.
Camilo apesar de estar preso aqui, conseguiu uma precária de 3 horas por dia.
Numa dessa saídas Camilo vai comprar uns sapatos para Ana e vem com eles de uma forma ostensiva "para escandalizar a burguesia da zona.
“PRAÇA FILIPA DE LENCASTRE”
Na esquina da Praça com a Rua da Picaria (que na altura, a praça ainda não existia), na então travessa da Picaria, ficava o Tribunal da Relação, aqui foram julgados Camilo e Ana ao abrigo do artigo do Código Civil que punia o adultério.
Mais acima no antigo Largo da Picaria, actual Largo de Montpellier e onde esteve a Escola Académica foi outrora uma hospedaria onde Camilo viveu durante algum tempo.
RUA DE AVIZ (ANTIGA TRAVESSA DA FÁBRICA)
Aqui Na Livraria Moreira da Costa reunia-se os camilianistas portuenses.
RUA DA FÁBRICA
Onde é hoje o Hotel Paris, foi outrora a Hospedaria Francesa, onde muitas vezes se hospedou Camilo, em baixo ficava o diário “O Nacional”, o único que não lhe fechou as portas aquando do processo jurídico.
RUA DO ALMADA
Mandada rasgar por João de Almada em 1761, ao longo de terrenos de laranjais e de soutos de carvalheiras.
O executor da obra foi o engenheiro militar Francisco Xavier do Rego.
Nos séculos XVIII e XIX, viveu aqui a nata da burguesia portuense.
As varandas de ferro forjado viram as belas meninas, era a rua das “ meninas bonitas”, ao final da tarde vinham para aqui os janotas com os seus alazões para corteja-las…
Na esquina com os Clérigos ficava a Casa Lino, Artigos para Desporto, Armas e Utilidades. Ao final da tarde era um local de encontro de intelectuais.
Num banco corrido da Tabacaria Daniel Barbosa, sentava-se Camilo que para aqui vinha para uma amena cavaqueira.
No número 28, viveu Ana Plácido com os pais (o pai José António Plácido Braga, que viria morrer no desastre do Vapor Porto em 1852) , a irmã Antónia Cândida Plácido viria a casar com António Bernardo Ferreira, filha da Ferreirinha…
Camilo dizia “ No Porto, rapariga bonita está às duas por três no papo de um brasileiro que tenha 50 contos, tanto faz que ele seja velho, zarolha ou raquítico
No número 378 viveu Ana Plácido com o seu marido Pinheiro Alves, brasileiro de torna viagem e bem mais velho do que ela. 43 Ele e ela 19!
PRAÇA NOVA
No Passeio das Cardosas, era o Pasmatório dos Lóios, ou o Real Clube dos Encostados, na esquina ficava a Moré, foi aqui que se publicou o Amor de Perdição e as memórias do Cárcere.
Aqui ficava o Café Guichard.
Foi aqui que trabalhou o jovem Ernesto Chardron, que viria anos mais tarde a abrir a Livraria Internacional que veio dar origem à Livraria Lello.
Aqui na Rua dos Clérigos existia uma loja de fazendas, onde trabalhava a filha do patrão, Camilo lançava-lhe olhares atrevidos à rapariga, o pai é que não gostava nada disto e um dia veio de metro em riste, e Camilo ripostou logo que ele era tão feio que se tivesse vergonha saia à rua com umas calças enfiadas na cabeça.
ESTAÇÃO DE S. BENTO
Aqui foi outrora o Convento de S. Bento de Ave Maria, palco de abadessados muito participados por Camilo, e aqui vivia uma amante, a freira Isabel Cândida Vaz Mourão, que acabou por educar uma filha que Camilo tinha tido com Patrícia Emília, Bernardina Amélia.
RUA DE SANTA CATARINA
Aqui Camilo viveu no então número 41. Depois viveu na Rua Chã, quando estudava Teologia! No Paço Episcopal, apelos místicos que rapidamente se desvaneceram.
Viveu na Rua de Santo António nº 82. Era redator no semanário religioso “ A Cruz”.
Na Batalha era hóspede habitual do Águia Douro, hospedaria, e frequentava o Restaurante Estanislau.
Aqui perto ficou hospedado na Rua do Sol nº 8, na casa de Eufrásia Carlota de Sá, amiga intima de Camilo.
Camilo e Arnaldo Gama iam passar temporadas à Foz. Aqui Camilo começou a hospedar-se no Hotel Mary Castro.
Em Santa Catarina, no número 630, casaram-se em 1888…por pressão dos amigos, como por exemplo Ricardo Jorge
Suicidou-se, já cego, em 18 de Junho em 1890. O homem morreu, o artista ficou para a eternidade.
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