No F. C. Porto, como todos os dragões sabem, o nosso destino é ganhar. Como o nosso desatino é perder. Esta época chegamos ao ponto de não retorno. Que é aquele ponto em que a nossa equipa com o treinador que tem não é mais capaz de nos dar retorno.
O tempo que lhe demos, já ninguém nos devolve. Cumpre-nos impedir que a este tempo se acrescentem outros tempos, tempos mortos.
Em condições normais sou um defensor acérrimo da estabilidade no comando da equipa técnica e já disse e escrevi várias vezes que os treinadores só devem ser substituídos quando se tornam impossíveis os objetivos anunciados no princípio da caminhada. Julgo que estamos perante um caso em que a morte anunciada não deve esperar pela matemática.
Para a nossa equipa de futebol a temporada não começou nada mal, somando-se o nosso mérito inicial ao destempero com que Benfica, Sporting e até Braga deram os primeiros pontapés.
Quando se julgava que a competição nacional ia ser um passeio relaxado, virando as nossas preocupações para o desempenho na Champions, eis que a frente interna nos surpreendeu negativamente, primeiro com aquilo que parecia ser apenas um acidente de percurso, para depois se tornar de facto num verdadeiro percurso acidentado.
O jogo de Coimbra foi a cereja em cima do bolo... que já tínhamos estampado na testa! Enquanto nos desaires anteriores pudemos falar de equipas poderosas como o líder do campeonato espanhol, de erros flagrantes de arbitragem ou de uma tremenda falta de sorte aqui e ali, com a Académica, as desculpas só vêm agravar a missa, porque ficou um penálti por marcar e o que foi marcado é no mínimo duvidoso.
Mas para além disso, o que me "destruiu" em Coimbra, para já não falar daquele deserto de ideias do "chuveirinho" final, foi a exibição confrangedora da primeira parte, que pode até ter sido o pior jogo que eu vi o F.C.P. fazer desde que Pinto da Costa regressou ao clube. Em boa hora!
O nosso presidente, que prima por uma memória de ferro e que alguns gostavam de enterrar mais cedo (pelo menos para o mundo do futebol) há de conservar a saúde e a destreza suficientes para perceber que, com ele, cometemos um monumental erro de casting .
No fundo já não há muita coisa para inventar. Mudar de presidente, só quando Deus quiser e espero que não queira tão cedo. Mudar de jogadores, ainda por cima a meio da época, é uma missão impossível, mesmo que alguns pareçam estar mesmo a pedi-lo. Resta mudar de treinador.
Paulo Fonseca será uma excelente pessoa, de uma educação esmerada e com um currículo curto, mas curioso. Imagino que goze de enorme simpatia no grupo de trabalho e seja credor da admiração dos dirigentes que com ele mais privam. Mas está visto que não chega. Não se trata de vencer um concurso de Miss Simpatia, mas de ser capaz de pôr esta equipa do Porto a jogar e a ganhar, no mínimo, com o registo dos últimos anos.
Infelizmente, em pouco mais de um mês, Paulo Fonseca desbaratou cinco pontos de avanço na Liga, ficou senhor do pior registo de sempre na Champions (nos jogos em casa), averbou a primeira derrota depois de 671 dias invictos e temo que a lá continuar ainda seja homem para acumular mais recordes deste jaez.
Admito que ainda tenha de dirigir a equipa contra o Braga, à espera da derradeira jornada europeia, em que já nem sequer dependemos só da nossa vitória obrigatória em Madrid. Admito que se o improvável acontecer, que o queiram segurar. Mas se o milagre não nos reabrir as portas da Champions esse será o momento certo para mudar de vida. A dois meses da Liga Europa e a um mês do jogo da Luz, ou há coragem para mudar, ou então, depois só vale a pena voltar a pensar o assunto quando se começar a tratar da próxima época.
Se esta equipa e estes jogadores valem mais do que têm mostrado e valem mais minutos do que aqueles 20 ou 30 em que nos mostraram o que podem valer, então o que já sabemos é que Paulo Fonseca não consegue pô-los a render como devia.
A correr bem até pode ser ele a perceber isso primeiro. Se é que ainda não percebeu... [Manuel Serrão, aqui]
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