Tornou-se o caso de Rui Pinto um "grande escândalo político em Portugal"? É assim que o caracteriza um jornalista britânico, Ed Aarons, num artigo publicado no jornal The Guardian. O pirata informático, fundador e responsável pelo site Football Leaks, é descrito como "o Edward Snowden [o antigo funcionário da NSA que revelou métodos ilegais de vigilância em massa] do futebol".
Rafael Buschmann, jornalista da revista Der Spiegel que falou com Rui Pinto várias vezes, frisa que o pirata informático - em prisão preventiva no nosso país - teme pela sua vida. "O futebol está completamente envolvido nos mecanismos do Estado português", afirma o jornalista. Para sustentar o que diz, Buschmann conta que António Cluny, o representante de Portugal junto do Eurojust, a agência europeia que lida com questões judiciais, é pai de um advogado que trabalha na sociedade Morais Leitão que representa alguns dos maiores lesados do Football Leaks, entre eles Cristiano Ronaldo e José Mourinho.
"Quando vi a ligação com António Cluny, pensei: 'Bolas, ele [Rui Pinto] tem razão'", afirma o jornalista alemão. João Lima Cluny, filho do elemento do Eurojust, é um advogado ligado à sociedade Morais Leitão, empresa que representa Cristiano Ronaldo, José Mourinho e vários outros jogadores com ligações ao super-agente Jorge Mendes e a sua agência Gestifute. Muitos dos jogadores agenciados por Mendes foram alvo de denúncias por parte do Football Leaks. Ronaldo e Mourinho foram mesmo condenados por fuga aos impostos na sequência das denúncias feitas por este documento.
Buschmann contou que em Fevereiro foi convidado para uma conferência em Haia em que o Eurojust confirmou que tinha interesse em algum do material publicado por Rui Pinto. Mas o jornalista estranhou um nome entre os membros da equipa da organização: João Cluny.
"Quando vi o nome dele na lista de elementos disse aos meus colegas que conhecia aquele nome. Quando fui ver a base de dados da Football Leaks encontrei imensas ligações entre o filho dele e os jogadores do Mendes que não conseguia imaginar alguém que pudesse ter tamanho conflito de interesses neste caso como ele", explicou ao jornal britânico o jornalista.
No entanto, de acordo com a Procuradoria-Geral da República não se encontra conflito de interesses após análise ao Código Penal Português, no artigo 54.
Buschmann revelou: "O Cluny disse-nos que nunca esteve diretamente envolvido na investigação, mas alguns dias depois da nossa história sobre o Cristiano Ronaldo ser publicada [não é claro a que história se refere, embora seja provável que se trate da divulgação da reabertura do processo sobre a alegada violação de Kathryn Mayorga por parte do jogador português], o mandato de captura para o Rui Pinto, que tinha três anos, foi acelerado. Talvez seja uma coincidência, mas todos ficámos um bocado do género: "Hmmm"."
O jornalista contou ainda como falou várias vezes com o português. "O Rui foi inspirado pela ideia de tentar limpar o negócio. Falei muitas vezes com ele sobre esta situação e sobre tudo o que ele está a sacrificar. Para ele é tudo um assunto muito sério - o mundo do futebol já não é só um jogo, hoje em dia. Cresceu para se tornar uma grande máquina de lavar dinheiro para os super-ricos."
Buschmann revelou: "O Cluny disse-nos que nunca esteve diretamente envolvido na investigação, mas alguns dias depois da nossa história sobre o Cristiano Ronaldo ser publicada [não é claro a que história se refere, embora seja provável que se trate da divulgação da reabertura do processo sobre a alegada violação de Kathryn Mayorga por parte do jogador português], o mandato de captura para o Rui Pinto, que tinha três anos, foi acelerado. Talvez seja uma coincidência, mas todos ficámos um bocado do género: "Hmmm"."
O jornalista contou ainda como falou várias vezes com o português. "O Rui foi inspirado pela ideia de tentar limpar o negócio. Falei muitas vezes com ele sobre esta situação e sobre tudo o que ele está a sacrificar. Para ele é tudo um assunto muito sério - o mundo do futebol já não é só um jogo, hoje em dia. Cresceu para se tornar uma grande máquina de lavar dinheiro para os super-ricos."
Rui Pinto foi extraditado da Hungria há mais de três semanas. O tribunal decretou como medida de coação a prisão preventiva, que foi severamente criticada pelos advogados do português que acreditam que devia ter ficado em liberdade depois do pagamento de uma fiança. Rui Pinto está indiciado de seis crimes relacionados com o acesso à Doyen Sports e ao Sporting: dois de acesso ilegítimo, dois de violação de segredo, um de ofensa a pessoa coletiva e outro de extorsão na forma tentada.
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