O presidente da Câmara do Porto partilha a sua visão sobre aquilo que nos espera no período pós-pandemia, na crónica que escreve na edição online do Expresso, intitulada "E depois?". O mundo certamente não será o mesmo e há lições a retirar desta crise de saúde pública, que inevitavelmente atinge a economia global. Leia o artigo na íntegra.
A reflexão de Rui Moreira no artigo de opinião que assina para a edição online do Expresso desta quinta-feira perpassa vários momentos. O autarca começa por dizer que "a crise que vivemos terá, nos próximos dias, semanas e meses, consequências dramáticas e profundas" e que o mundo, principalmente o ocidental, vai ter de saber viver com esta ameaça, que atinge sobretudo os mais idosos, "porque o isolamento seria, a prazo, uma condenação muito mais severa do que os riscos de infeção que resultam do contacto social".
Ultrapassado o pico da crise, continua, retomaremos a normalidade possível, mas certamente "muitos usos e costumes serão alterados: é provável que o aperto de mão e o beijinho deixem de ser coisa vulgar, e é quase inevitável que muitos de nós optem por utilizar máscaras no exterior e nos transportes públicos", como aliás é comportamento comum no Extremo-Oriente, refere.
Neste futuro imediato, antevê o presidente da Câmara do Porto, "a redução na produção não conseguirá recuperar a tempo de compensar o ressurgimento da procura". Seguramente, estas mudanças serão, no entanto, propícias "a novas oportunidades, novas modas e novos conceitos na distribuição".
Mas, "ainda assim, e nos próximos anos, haverá um maior crescimento do turismo doméstico ou de proximidade e haverá uma maior procura de destinos onde os cuidados de saúde são eficientes".
No período pós-crise, avança por outro lado Rui Moreira, "é muito possível que, com o medo e depois do medo, e tal como acontece depois de qualquer guerra, surja uma relativa primavera demográfica".
Quanto ao papel do Estado, "estará debaixo de um forte escrutínio. Porque ele foi incapaz de nos valer (...). Do Estado futuro exigiremos que ele seja o conformador da vida económica e social". Até porque, "com a muito provável falência do sistema bancário privado, os cidadãos - e até os pequenos e médios empresários - irão exigir que o Estado, direta ou indiretamente, passe a atuar como agente de crédito".
De acordo com o presidente da Câmara do Porto, "os nacionalismos e os populismos continuarão a fazer o seu caminho. Mas também isso é uma crise que mais cedo ou mais tarde passará".
Ao nível da sustentabilidade, "o meio ambiente agradece esta crise, e isso deveria servir para um virar de página (...). Cada um de nós irá rever os seus padrões de consumo, de uso e abuso dos recursos escassos".
"Em resumo, esta é uma enorme provação para a civilização humana. Um virar de página. Mas não é seguramente o fim do Mundo. De pouco nos valerá apontar o dedo a este ou àquele. De nada nos serve assumir uma atitude depressiva. Teremos algumas semanas, alguns meses, para refletirmos. Para programarmos e prepararmos a retoma", conclui Rui Moreira.
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