Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Histórias da cidade: a festa aos três Reis Magos rivalizava com o São João do Porto

 


Nesta altura, em tempos passados, o Porto estaria a viver intensamente uma grande festividade popular. A festa aos três Reis Magos, que chegou a rivalizar com a de São João, acabou por cair em desuso. Tinha como epicentro uma capela que já não se encontra na localização original.

Não há, hoje em dia, qualquer dúvida sobre qual é a festa mais acarinhada pelos portuenses. São João pode não ser o padroeiro da cidade, mas tem um lugar primordial no coração dos habitantes da Invicta. Porém, nem sempre foi assim: os relatos históricos mostram que houve, em tempos, festejos que concorriam em popularidade com a tradicional celebração são-joanina. E que estariam a decorrer precisamente por esta altura.

Era a festa aos três Reis Magos, e que, segundo o jornalista e divulgador de história da cidade do Porto, Germano Silva, “chegou a ombrear com a do São João”. “A festa era animada e chegou, em certas épocas, a rivalizar, em popularidade e entusiasmo popular, com a do tradicional São João tripeiro”, escrevia numa crónica publicada em 2016 na revista Visão.

“A festa aos três Reis Magos, também referenciados como três santos reis Magos, que se celebra entre os dias 1 e 6 de Janeiro”, mobilizava a cidade para grandes festejos em honra de Gaspar, Baltazar e Belchior: “Grupos de pessoas, mais ou menos organizados, por ruas – a trupe das Eirinhas; por profissões – o grupo dos empregados da Carris; por colectividades – os reiseiros dos Unidinhos da Sé, percorriam as ruas da cidade cantando os reis de porta em porta, sempre de noite, em atenção ao pormenor de os Magos terem sido guiados por uma estrela, logo de noite”, acrescentava Germano Silva.

As origens desta devoção remontam, pelo menos, ao século XV. Algumas centenas de anos mais tarde, no início do século XVIII, as festas passaram a ter o seu ponto central numa capela anexa ao antigo Palacete dos Monteiro Moreira, que se localizava na actual Praça da Liberdade. O templo era consagrado aos três Reis Magos e congregava as celebrações.

O palacete – que veio a albergar, durante quase um século, a Câmara do Porto – seria demolido para abrir-se a Avenida dos Aliados, no início do século XX. E a Capela dos três Reis Magos também abandonou a sua localização original, mas escapou ao esquecimento com um destino improvável: adquirida por um rico proprietário de Pocariça, no concelho de Cantanhede, foi transportada para lá.

“Quando a capela começou a ser desmontada, as pedras foram todas numeradas e transportadas de comboio até Cantanhede. E de Cantanhede até Pocariça, as pedras foram transportadas em carros de bois”, contava o arqueólogo Joel Cleto. Reerguido, o templo passou a ser dedicado a São Tomé. Mas a memória das festas portuenses aos três Reis Magos persiste. 

(daqui)

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