Sob o mantra da “confiança política”, governantes nomeiam jotas que acabam de sair da faculdade. Ganham currículo e, com o colinho do PS, chegam a chefes de gabinete antes dos 30. É um ciclo vicioso também motivado pela busca de influência de ex-líderes.
A 9 de Janeiro de 2021, a vida de Bruno Matias mudou. Nesse dia, o socialista de 30 anos tomou posse como membro do secretariado nacional da Juventude Socialista, órgão executivo da jota, e viu o seu despacho de nomeação como chefe de gabinete do secretário de Estado do Planeamento, Ricardo Pinheiro, que assumira dois meses antes, ser publicado em Diário da República. À semelhança do polémico caso de Tiago Preguiça, socialista licenciado em Estudos Europeus que chegou a director-geral da Segurança Social (em regime de substituição) com uma carreira feita em gabinetes governamentais, também Matias deve a sua ascensão profissional ao partido. Mal terminou a licenciatura em Direito pela Universidade de Coimbra, aos 25 anos, foi nomeado técnico especialista do secretário de Estado da Indústria (2016-2017), assessorando de seguida o ministro da Economia (2017-2018) e o secretário de Estado da Economia (2018-2019). Nesta legislatura, passou de adjunto a chefe de gabinete – uma promoção bem remunerada: 4786,52 euros de rendimento bruto mensal. Nada mau para uma carreira com menos de cinco anos.
O ciclo é novo, o hábito mantém-se. Apesar de se sentir uma pequena limpeza de boys nos novos órgãos sociais da JS, liderada pelo deputado Miguel Costa Matos, em comparação com o mandato da antecessora Maria Begonha em que 30% da direcção estava empregada pelo Governo), não desapareceu a prática de jotas arranjarem trabalho à conta do partido, nomeação ante nomeação, saltando de gabinete em gabinete.
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