Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Carta aberta a um criminoso


Caro Rui Pinto. Está quase a fazer um ano desde a tua prisão preventiva. Para muitos és um herói e para outros tantos um criminoso. Mas para mim és, acima de tudo, a prova de que a justiça portuguesa é forte com os fracos e fraca com os fortes.

Em Janeiro deste ano soubemos que vais ser julgado por 90 crimes. Ricardo Salgado, responsável pela queda do BES, que custou aos portugueses mais de 5 mil milhões de euros, e pelo desvio de dezenas de milhões de euros, foi apenas acusado de 21 crimes. Helder Batáglia, um dos principais rostos da Operação Marquês, responsável pela lavagem de 12 milhões de euros, foi apenas acusado de 10 crimes. Armando Vara, o ex-administrador que enterrou a Caixa Geral de Depósitos beneficiando grandes empresários, responsável por lavagem de dinheiro, corrupção politica e evasão fiscal, foi acusado apenas de 3 crimes no processo Face Oculta e, recentemente, ainda beneficiou de uma redução de pena. Zeinal Bava, o executivo que afundou a PT e que recebeu subornos de Ricardo Salgado no valor de 18,5 milhões de euros, foi apenas acusado de 5 crimes. José Sócrates, ex-primeiro ministro, que recebeu pelo menos 23 milhões de euros em subornos de grandes empresários, principal rosto de um mega processo que envolve 19 pessoas, entre políticos e empresários, e 9 empresas, deixando um rasto de mais de 200 milhões de euros, foi apenas acusado de 31 crimes. Joe Berardo, que recebeu nas ultimas décadas 980 milhões de euros em empréstimos bancários, mas que é apenas proprietário de uma garagem na Madeira, ainda nem é acusado de absolutamente nada. Oliveira e Costa, o fundador do BPN e responsável pelo sua falência, que custou 4,9 mil milhões de euros aos portugueses, foi condenado em 2017 a 27 anos de prisão mas ainda se mantem em liberdade.
Esta é a realidade, ou melhor, apenas uma pequena parte desta. Realidade que se torna irrelevante, perante um povo que guerreia mais pela porra do clube de futebol do que pela justiça.
Nos dias que correm, sei bem que o nome “Rui Pinto” é um nome tóxico. Mas é também o nome responsável por nos mostrar como é que 600 milhões de euros foram desviados do BES. É o nome responsável por centenas de provas de dezenas de crimes cometidos pela elite futebolista, em vários clubes nacionais e internacionais. É responsável pelo fim do encobrimento a Isabel dos Santos, uma grande empresária Angolana, filha de um ditador, que fez fortuna com dinheiros publico e com conivência da justiça portuguesa. É responsável por denunciar a ineficiência (quase que propositada) na investigação de casos como o Vistos Gold, ESCOM, BES, Offshores, Panamá Papers, etc. Um criminoso em Portugal, mas um denunciante importante aos olhos das justiças e jornalistas de outros países europeus.
Por isso, caro Rui Pinto, para mim não és um herói, mas sim um rapaz normal num país cheio de vilões. Neste país que, historicamente, condecora vilões e cospe nos pequenos que cometem o crime de se meterem com os grandes.
Tenho dito.

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