Pai de ministra fez-se passar por advogado (e foi indicado pelo PS para o MP)
Manuel Falcão, pai da ministra da Habitação, Marina Gonçalves, foi condenado por usurpação de funções. Em 1991, foi condenado a oito meses de prisão. De acordo com a sentença, consultada pela revista Sábado, a pena foi suspensa por dois anos face à “confissão e arrependimento” e “disposição demonstrada de não reincidir”.
Depois do período de suspensão de pena, iniciou um estágio e inscreveu-se na Ordem dos Advogados em 1995. No entanto, o regresso à atividade foi visto com desconfiança por magistrados e pelos próprios colegas de profissão, escreve a Sábado.
Em 2013, o juiz Luís Guerra denunciou-o ao Ministério Público, alegando que o certificado de habilitações literárias usado para se inscrever na Ordem era falso.
Documentos consultados pela revista mostram que Manuel Falcão foi “reprovado” a unidades curriculares. Além disso, algumas das ‘cadeiras’ aparecem como concluídas a 5 de novembro de 1986, apesar de a certidão dar como concluída a licenciatura em Direito no dia 23 de julho daquele ano — mais de três meses antes.
“É uma ousadia questionar a veracidade do meu certificado de habilitações”, diz Manuel Falcão à Sábado. Contudo, o Ministério Público entende que o certificado de habilitações “é manifestamente falso”, que é “grosseira a […] diferença” entre as assinaturas que nele constam e a “dos exemplares fornecidos pela [Universidade] Livre”.
O pai da ministra foi vereador e deputado municipal, tendo “muita influência” no PS de Caminha.
“Isto é escabroso”, classifica uma advogada de Viana do Castelo, acrescentando que neste caso “há cúmplices e coautores”.
Quando inquérito de 2013 foi instaurado, tudo indicava que Manuel Falcão fosse novamente acusado. No entanto, com a saída da procuradora, o inquérito passou a ser titulado por Liliana Bezerra de Sá, que arquivou o processo em maio de 2014.
Para Luís Guerra, os veredictos “desprestigiam a justiça”, razão pela qual recorreu às mais altas instâncias do Ministério Público, mas sempre sem sucesso. O antigo juiz fala numa “vontade nítida de favorecer o arguido, branqueando o seu propósito criminoso”.
O então bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho e Pinto, conclui que Manuel Falcão “continua a usurpar funções”.
Apesar de todas as suspeitas existentes, em 2009, o Plenário da Assembleia da República, indicado pelo PS, elegeu Manuel Falcão para primeiro suplente do Conselho Superior do Ministério Público.
ZAP //
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