Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Watergate lusitano ou um país à beira da falência (moral)

 Da privatização para lá do tempo regulamentar em 2015 até ao momento actual, a grandiosa companhia de aviação chamada TAP já conseguiu facilitar a entrada e a saída de acionistas privados (anda agora à procura de novos), rodar administradores, fazer acordos de rescisão "amigável", despedir com e sem justa causa, demitir ministros, secretários de Estado, chefes de gabinete e adjuntos... e a procissão ainda vai no adro. Se a Netflix ainda não contratou uma equipa de guionistas para avançar com uma super-produção convém que se apresse, porque agora existe a concorrência da HBO ou da Disney Plus.

Faltavam entrar a polícia e as secretas para que a série pudesse ter interesse a nível global e não é de excluir que acabe por derrubar o governo que pagou duas vezes para retirar os privados da equação. A injecção de 3,2 mil milhões de euros na companhia, resultado de uma colecta de impostos de contribuintes que assistem ao vivo e a cores à degradação da tutela política, não dão garantias de que, pelo menos, a TAP será salva.

Esta história tem vários pequenos Nixon"s: gente paranóica, com tiques autoritários, confundindo a causa pública com a coisa privada, incapaz de ver para lá do seu próprio umbigo. Pode não ter gravações de tudo o que foi sendo dito nos corredores do poder, mas tem muitos emails e WhatsApp, e tem igualmente gente pequena que pactuou com o que sabia não ser legitimo e que só denunciou quando se viu descartada.

Embora o início da história seja bem lá atrás, o episódio de abertura é mesmo a curta estadia de Alexandra Reis no governo, até ao dia em que se descobriu que tinha recebido meio milhão da TAP para transitar para a NAV. O escândalo do meio milhão fez cair um secretário de Estado e depois um ministro, abriu uma guerra no governo e no PS e fez nascer uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Quando o governo tiver de pagar milhões à ex-CEO da TAP por a ter despedido sem justa causa, vai alguém assumir a responsabilidade?

Estamos num momento em que o Chairman do país, Marcelo Rebelo de Sousa, avalia as condições da Comissão Executiva se manter em funções. A possibilidade de ter de convocar uma Assembleia Geral de accionistas, para que estes renovem a confiança na administração ou escolham um novo elenco, não pode ser descartada. Há também a possibilidade de ser o próprio António Costa a mudar por completo a sua equipa, evitando, desta forma, que a história termine de forma absolutamente dramática e os portugueses tenham de optar entre terem um governo que não pára de os envergonhar e uma maioria alternativa que só existe condicionada pela extrema-direita oportunista e xenófoba.

Toda esta desgraça, responsabilidade de gente sem as competências mínimas para gerir o dinheiro dos nossos impostos, sem um pingo de vergonha que os faça sair de cena quando são apanhados, é que faz crescer o exército de indignados que alimenta o crescimento do Chega. Para que a TAP pudesse ser salva da falência, foi seguido um caminho em que até os mais fervorosos democratas ficam sem moral para apontar o dedo aos que apostam na falência da 3.ª República.

(daqui)

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