Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Um sorriso. A vitória íntima de quem recusou ser vencido.

 


Em Outubro de 1944, nas ruas ocupadas de Belfort, na França, uma única fotografia capturou um instante que desafiava toda lógica de guerra e medo. Georges Blind, integrante da Resistência Francesa, estava de pé na esquina de um prédio de pedra, diante de um pelotão de fuzilamento alemão. Mas não havia pânico em seu rosto, nem desespero, nem súplica.
Ele estava sorrindo.
Não era bravata. Não era espetáculo. E tampouco era o último gesto de um homem destinado à morte. Aquilo era uma encenação — uma execução simulada, uma arma psicológica usada pelos alemães para despedaçar a vontade dos resistentes.
Era assim que funcionava o ritual macabro:
vendavam o prisioneiro, conduziam-no até uma parede manchada de pólvora, ordenavam-lhe que preparasse suas “últimas palavras”. Os soldados armavam os rifles, apontavam, gritavam comandos… e disparavam cargas vazias, ou balas que cortavam o ar rente ao corpo. A intenção não era matar, mas quebrar. Plantar o terror na mente, onde o aço e a dor falhavam.
Mas Georges Blind não quebrou.
Não ofereceu nomes.
Não revelou esconderijos.
Não entregou ninguém.
Seu sorriso, sereno e quase irônico, foi o golpe mais profundo que ele poderia devolver.
Até o cenário escolhidos pelos alemães dizia muito. Em vez de uma parede plana, colocaram-no na quina do edifício, onde as balas desviariam sem risco de ricochetear. Provavelmente o mesmo canto usado para execuções reais — um ponto prático, sombrio, onde a morte se repetia como rotina.
Percebendo que Georges não cederia, os alemães o enviaram para o sistema de campos de concentração de Dachau. Ali, no final de Novembro de 1944, foi selecionado para morrer no mesmo dia da chegada. Nunca retornou.
Execuções simuladas eram uma marca perversa da ocupação alemã. Às vezes, faziam aldeias inteiras assistirem, como um recado gravado a fogo na memória coletiva. Na lógica do terror, era simples: onde a força não alcançava completamente, o medo deveria governar. Se um vilarejo ajudava partisans, queimavam casas, sequestravam civis, encenavam mortes — reais ou fingidas — até transformar a vida cotidiana num campo minado de pavor.
E, no entanto, há algo que sobrevive a todas as ditaduras: a coragem.
O sorriso de Georges Blind — frágil, breve, mas imortal — permanece como um dos símbolos mais silenciosos e poderosos da resistência na Segunda Guerra Mundial. A prova de que, mesmo à sombra de rifles, mesmo no instante calculado para quebrar o espírito humano, ainda pode haver um homem que olha o inimigo nos olhos e responde com um gesto simples, quase impossível:
Um sorriso. A vitória íntima de quem recusou ser vencido.

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