Segundo aquele relatório, a Noruega é o país que apresenta a maior igualdade entre sexos, menos pobreza e desigualdades sociais, em que 97 por cento da população pertence à classe média. Este país possui também a única economia da OCDE que não atravessou uma recessão e continua a viver praticamente em pleno emprego. A Noruega é dotada de enormes recursos naturais que incluem reservas de petróleo, gás natural, peixe, minério, madeira e água potável.
A força de trabalho é também altamente qualificada e especializada, generosos programas de educação, de assistência e segurança social. O país é o terceiro maior exportador mundial de petróleo e o segundo de gás natural, com reservas conhecidas para 200 anos. O Estado norueguês dá lucros fenomenais, o excedente estatal vai nos 30 por cento, equivalente a mais de um terço do Orçamento de Estado português. A Noruega que se recusa a aderir à União Europeia é também o único país do hemisfério ocidental sem dívida externa. As reservas monetárias e financeiras ascendem a um valor que daria para pagar hoje todas as despesas do Estado português durante os próximos 26 meses.
Este país é um "case study" interessantíssimo. Sendo um país que conserva alguma ruralidade, consegue ser o mais desenvolvido do mundo, em diversos parâmetros diferentes e em áreas diversas, incluindo a preservação do ambiente. A Noruega não tem praticamente auto-estradas nem TGV. Por opção. "Longe é longe", dizem, e quem quiser ir de Oslo a Trondheim ou a Tromso, das duas uma: ou tem pressa e paga a pressa, metendo-se num avião, ou vai com tempo numa "viagem da vida", porque os ritmos humanos são para respeitar, os fjordes estão lá para serem percorridos, as curvas são fenómenos normais da natureza, e a neve e gelo em pleno Verão alternando com o sol e a água do mar a 23ºC, são a realidade plurifacetada da vida. O dinheiro que têm e que daria para esburacar e "viadutar" todo o País foi aplicado em benefícios sociais e na redução das desigualdades, como ponto de partida para justiça social, diminuição da agressividade e incremento do espírito solidário. Como resultado das políticas para a infância, a taxa de natalidade tem aumentado muito e, noutro registo, por exemplo, as televisões fizeram um acordo de cavalheiros (que cumprem!), patrocinado pelo Ombudsman das Crianças, para se dosearem a violência e a estupidez nos conteúdos das suas emissões à hora das crianças. Quando o senhor(?) Sócrates em imitar os nórdicos, dá vontade de rir o nada que se faz para rumar nessa direcção. A vida é feita de opções. Com todos os seus defeitos e idiossincrasias, muitas delas herdadas da luta pela sobrevivência que os obrigou a estratégias comunitárias e solidárias, os noruegueses-cidadãos e os noruegueses-políticos souberam fazer as opções mais correctas visando o bem estar da maioria.
Será que um dia vamos aspirar a algo semelhante? Com a trampa da classe política que temos e com a trampa que nos bombardeiam diariamente tenho, infelizmente, dúvidas...
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