Há dois temores a que a maioria dos seres humanos está sujeito. Um, a falta de saúde. O outro, a falta de meios. Um terceiro, o desemprego, acabaria por se tornar num medo visceral nestes últimos anos. E quando falo da falta de trabalho, refiro-me também àqueles que tendo deitado corajosamente mão ao que lhe apareceu para sobreviverem, não estão de facto a exercer as funções para as quais foram preparados.
Tem sido um ciclo vicioso que acaba por fazer rupturas entre as gerações, julgando os mais novos que não encontram labor porque os mais velhos não abandonam as suas funções. E as recentes medidas de prolongamento da idade da reforma, deste ponto de vista, estão longe de ajudarem à resolução do problema.
Ora ninguém consegue viver com uma parede de fundo de medos e ansiedades acumuladas. Talvez por isso, os períodos de crise sejam também aqueles onde se revelam melhor as capacidades individuais. Com efeito, passados os primeiros tempos de angústia, é surpreendente ver como certas pessoas são capazes de dar a volta aos problemas e se lançam em projectos nos quais jamais teriam pensado se a crise lhes não batesse à porta.
Claro que ser jovem facilita muito este tipo de atitude, até porque os parcos apoios que existem - financeiros ou não - são, sobretudo, vocacionados para a juventude e não para aqueles que, aos 50 anos, se vêem desempregados. Estes terão, talvez, que passar a olhar para si de outro modo e a não se sentirem menorizados por virem a exercer funções que possam ser hirarquicamente inferiores àquelas que já desempenharam.
Servindo-me de um exemplo "menor", lembro o caso do actual Ministro dos Negócios Estrangeiros francês que já foi Primeiro Ministro. E, apesar disso, não deixou de aceitar o presente cargo que lhe está abaixo. Assim, pode acontecer que um director passe a ser dirigido sem que, por esse facto, tenha de sentir-se humilhado.
Eu sei que, por norma, não é assim que pensamos. Mas face ao momento que atravessamos, julgo que vale a pena meditar um pouco nisto.
Servindo-me de um exemplo "menor", lembro o caso do actual Ministro dos Negócios Estrangeiros francês que já foi Primeiro Ministro. E, apesar disso, não deixou de aceitar o presente cargo que lhe está abaixo. Assim, pode acontecer que um director passe a ser dirigido sem que, por esse facto, tenha de sentir-se humilhado.
Eu sei que, por norma, não é assim que pensamos. Mas face ao momento que atravessamos, julgo que vale a pena meditar um pouco nisto.
HSC
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