A ARS diz que os clínicos já recebem subsídio de disponibilidade permanente e por isso não têm direito a horas extra. Médicos contestam e avisam que é preciso reforçar os recursos para combater a Covid.
Os Médicos de Saúde Pública queixam-se de não estarem a ser pagos, a norte, pelas inúmeras horas extra que trabalharam na linha da frente do combate à Covid-19.
Por decisão da Administração Regional de Saúde essas horas não contam, uma vez que esses clínicos já recebem um subsídio de disponibilidade permanente.
Ricardo Mexia, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Publica, sublinha à Renascença que essa interpretação não faz qualquer sentido.
“É uma situação que tem gerado muito desconforto entre os Médicos de Saúde Pública, designadamente na zona norte do país que, como bem sabemos, foi das mais afetadas, e que vai no sentido de não lhes serem pagas as horas suplementares, as horas extraordinárias, que todos eles trabalharam durante estes meses em que já aqui estamos a combater a pandemia”, explica.
“Isso deve-se à existência de um suplemento de disponibilidade permanente que os médicos de saúde pública, de facto, recebem, mas que prevê a possibilidade de se deslocarem ao seu local de trabalho em caso de emergência. Não prevê que trabalhem todos os dias, muitos deles 10, 12, 14 horas para fazerem todo o trabalho necessário ao controlo da pandemia”, acrescenta.
“Isto é uma situação que não faz, de todo, sentido. Trabalharam essas horas em apoio à resposta ao surto e, portanto, como todos os outros profissionais, devem ser pagos por essas horas trabalhadas”, conclui o médico.
Contactada pela Renascença, a assessoria de comunicação da ARS Norte disse que será verificado o ponto de situação para se poder pronunciar sobre o assunto.
Reforçar recursos para combater a Covid
Noutro plano, Ricardo Mexia alerta que é preciso reforçar os recursos humanos disponíveis no combate à pandemia, agora que muitos clínicos regressam à sua atividade normal.
“Nesta fase em que estamos a reduzir as medidas de restrição, há um conjunto de atividades, também do âmbito do Serviço Nacional de Saúde, que vão ser retomadas e, portanto, aqueles recursos que até agora estavam focados na vigilância dos contactos, na identificação dos casos, acabam por ser redirecionados para essas tarefas.”
“Por exemplo: os médicos de família que retomam a sua atividade assistencial, as suas consultas; os internos de saúde pública que vão ter os exames de saída e, também, os próprios profissionais, que estão há longas semanas a trabalhar ininterruptamente e que vão ter que ter férias.”
“Portanto, gera-se aqui uma perda de uma força de trabalho, que estava completamente focada na Covid e que agora tem de ser reforçada para suprir esses menores recursos disponíveis”, alerta o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública.
0 comentários:
Enviar um comentário