Maior encontro de Ciência universitária de volta ao Porto para discutir o valor da perseverança
O YES (Young European Scientist) Meeting, o mais antigo congresso universitário nas áreas biomédicas em Portugal, está de regresso à cidade. Até domingo vão passar pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) mais de 600 participantes internacionais e renomeados cientistas, incluindo dois Prémio Nobel.
Ao longo dos quatro dias desta 16.ª edição do evento, os jovens investigadores vão ter a oportunidade de assistir a diversas sessões em seis áreas científicas, apresentar os seus trabalhos de investigação, participar em competições clínicas e workshops. A actual edição do YES Meeting vai contar com a presença da coordenadora da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Janssen, a virologista neerlandesa Hanneke Schuitemaker, que partilhará como decorreu todo o processo de desenvolvimento da vacina e que aprendizagens podem ser aproveitadas para futuras terapêuticas.
Outro dos destaques do congresso será a “participação digital” de Michael Houghton e Harvey Alter, dois dos três cientistas galardoados com o Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina (2020), responsáveis por terem descoberto o vírus que provoca a hepatite C.
Ao início da tarde desta quinta-feira teve lugar a sessão solene de abertura, subordinada ao tema “O valor da perseverança”, e que contou com intervenções do reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira, do pediatra e director do Centro Materno-Infantil do Norte, Caldas Afonso, em representação da secção regional Norte da Ordem dos Médicos, do director da FMUP, Altamiro da Costa Pereira, do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Sales, e do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.
“A perseverança é importante porque, se houve coisa que acabou com a pandemia, foi a previsibilidade. É estranho como a Organização Mundial da Saúde não pareceu perceber o que estava a aproximar-se, apesar de haver numerosos trabalhos, até a Netflix produziu filmes e séries sobre o que poderia vir a acontecer. Mas, subitamente, aconteceu. E quando aconteceu, não estávamos preparados. Por uma razão muito simples: fomos atingidos pela globalização, fomos atingidos por uma doença que se espalhou pelo mundo em poucas semanas”, notou o autarca na sua intervenção.
O trabalho de médicos e enfermeiros, que “estiveram na linha da frente, como sempre”, foi fulcral, acrescentou Rui Moreira. “A Ciência foi muito importante para desenvolver vacinas em tão pouco tempo, foi absolutamente incrível”, vincou, sublinhando a importância da solidariedade global: “Claro que nós, nos países prósperos, atingimos, com as vacinas, uma sensação de segurança. Mas também sabemos que temos de cuidar dos países mais pobres, onde a vacinação não está a avançar. Se não o fizermos, surgirão novas variantes, que vão hipotecar todo o esforço.”
“Aquilo que tínhamos há um ano e meio não vai voltar. O futuro não vai ser exactamente igual ao que era o passado. Não há nada de errado nisso, temos de adaptar-nos. As cidades têm de adaptar-se. Os governos têm de adaptar-se. As sociedades têm de adaptar-se. Os comportamentos têm de adaptar-se”, enumerou o presidente da Câmara do Porto, terminando com um apelo à audiência: “Temos de viver com esperança, mas também com a necessidade de nos prepararmos para diferentes cenários. Esse é o vosso papel.”
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