Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Mas o Libras Boas só tem excrementos a defendê-lo? Agora, os defensores do excremento da Foz até inventam coisas só para menorizar o MELHOR PRESIDENTE DE SEMPRE DO DESPORTO MUNDIAL!

UM EXCREMENTO DO AVB  A DIVULGAR FALSAS NOTÍCIAS E MEIAS VERDADES

No ruído de hoje, ouve-se o eco do passado? Quando falamos de Jorge Nuno Pinto da Costa, o nosso instinto é ligar o seu nome à vitória, à glória, ao topo. Mas a verdade é que nem sempre foi assim. Entre 1982 e 1985, nos seus primeiros três anos como presidente, o FC Porto atravessou um mar de dificuldades, de erros e de críticas, que hoje muitos esquecem. Curiosamente, foi esse início duro que preparou o terreno para a dinastia mais vitoriosa da história do futebol português. Em abril de 1982, Pinto da Costa assume a presidência do clube no meio de uma autêntica guerra civil interna. Entra com um discurso forte, de rutura com o passado, a denunciar o centralismo lisboeta e a prometer um FC Porto combativo. Mas rapidamente percebe que a tarefa é mais complexa do que parecia. O clube herdava dívidas, divisões internas e uma estrutura pouco profissionalizada. Os primeiros passos foram de modernização e contenção. Sanear financeiramente, adquirir tecnologia, disciplinar o balneário. Mas os resultados desportivos não acompanharam. Na época 82/83, com o regresso de Pedroto, esperava-se um Porto dominador. Mas o campeonato escapa para o Benfica, e a final da Taça de Portugal, jogada nas Antas após uma polémica intensa sobre o local, termina com uma das noites mais humilhantes da história do clube. Derrota por 1-0 frente ao rival de sempre, com o Benfica a levantar a taça no coração do nosso estádio, perante os nossos. Uma ferida aberta que marcou uma geração. Um golpe no orgulho que, à data, pareceu imperdoável. O ano seguinte traz ainda mais sobressaltos. Pedroto adoece gravemente e afasta-se. A equipa chega à sua primeira final europeia, mas perde com a Juventus numa noite em que tudo corre mal, dentro e fora de campo. Falta de preparação, erros de arbitragem, problemas de organização. Tudo contribuiu para a derrota. A imprensa acusa o FC Porto de ser ingênuo na Europa e até os adeptos mais fiéis questionam a capacidade de o clube dar o salto. Além disso, pequenos detalhes revelaram a inexperiência organizativa do FC Porto neste palco. Por exemplo, a equipa apresentou-se com um equipamento integral azul improvisado, em vez das tradicionais camisolas listadas, devido a uma imposição da UEFA em cima da hora, já que as cores originais chocavam com as da Juventus. Essa situação pouco habitual, um pormenor logístico, ilustrava como o clube ainda estava a aprender a lidar com finais europeias e protocolos internacionais. Também fora das quatro linhas houve apontamentos de desorganização na logística de viagem e de apoio aos adeptos. Relativamente poucos portistas conseguiram deslocar-se a Basileia, não havendo na altura uma estrutura montada para facilitar deslocações em massa de sócios, ao contrário do que os adversários mais habituados a finais faziam. Anos mais tarde, o próprio presidente Pinto da Costa reconheceria esses erros cometidos na primeira final europeia. Deu como exemplo jogadores como Fernando Gomes, que nos dias que antecederam o jogo estavam mais preocupados em negociar contratos com marcas desportivas do que concentrados na final. Esse tipo de distração, nas palavras do presidente, era sintomático da falta de experiência e da estrutura ainda por consolidar. Mas o momento mais humilhante ainda estava para chegar. Em 1984, já com Artur Jorge ao leme, uma escolha arriscada e duramente criticada na altura, o FC Porto é eliminado pelo modesto Wrexham, da quarta divisão inglesa, na Taça das Taças. Uma queda estrondosa que gerou revolta nas Antas e escârnio fora delas. Mesmo assim, Pinto da Costa resistiu. Aprendeu. Ajustou. Protegeu o treinador. Reformulou o plantel. E, em 1985, chegou finalmente o campeonato nacional. Não como uma vitória isolada, mas como o resultado de um caminho feito de pedras, críticas e superação…



RESPOSTA CONDIGNA E DEMOLIDORA

DE FRANCISCO J MARQUES


Caro Bruno Garcia, cruzei-me agora com este seu texto e fiquei escandalizado. Todos nós temos direito à nossa opinião, mas não podemos dizer que apenas se relatam factos e acontecimentos reais quando se ficciona e deturpam os acontecimentos reais. O Bruno adapta os factos para chegar a uma narrativa que lhe dá jeito. Isso tem um nome, chama-se manipulação e o seu texto é o exemplo perfeito de “fake news” travestido de seriedade, para dar credibilidade. Mas não passa no crivo da verdade. Não o estou a acusar de propositadamente contar uma versão falsa, porque isso não sei, estou apenas a constatar que a sua narrativa é demasiado criativa.


Porque especialmente os mais novos, que não viveram esses tempos, merecem conhecer a versão real, vou corrigir apenas alguns aspetos. Para contextualizar, eu vivi este período da história do FC Porto, quando JNPC foi eleito eu tinha 16 anos, já não era um miúdo, e tenho memória perfeita do que era o FC Porto, do que era o Porto e Portugal e do que foram os primeiros anos de JNPC como presidente.

Os apoiantes de AVB, desesperados com os sucessivos erros do presidente que apoiaram e apoiam com toda a legitimidade, querem paralelismos no desempenho inicial de JNPC e AVB, mas a verdade é que não há muitos pontos de contacto. Para começar, JNPC centrou a sua ação e o seu discurso, para fora e não para dentro. Não criticou o antecessor, não se desculpou com as dificuldades financeiras, privilegiou a política desportiva, porque o FC Porto é um clube desportivo. É por isso falso que o clube estivesse em guerra civil, com divisões internas, que os resultados desportivos não acompanhassem. O FC Porto que PdC recebeu era um clube que ganhava de vez em quando e com PdC foi desde logo competitivo, tal como já tinha sido anos antes, quando ele foi chefe de departamento, equivalente ao atual diretor desportivo. Na primeira época perdeu o campeonato na reta final para talvez o melhor Benfica da história pós Eusébio, que foi o Benfica de Eriksson (para quem não saiba, foi o treinador que revolucionou a forma como as equipas portuguesas jogavam na Europa, pois teve um efeito de contaminação positiva, tal como Mourinho viria a ter 20 anos mais tarde), que foi à final da então Taça UEFA, que perdeu para o Anderlecht a duas mãos (que era das melhores equipas da Europa na época). Para se ter uma noção do que então valia o futebol português, quando PdC assumiu a presidência do FC Porto Portugal ocupava o 13º lugar no ranking da UEFA, atrás de países como a Checoslováquia, Jugoslávia, União Soviética, Suíça, Bélgica, Alemanha de Leste. Na mesma época, mas disputada no início da época seguinte, em agosto, perdemos a Taça, nas Antas. Não foi uma noite humilhante por várias razões, a primeira das quais é que nem sequer era à noite. O jogo foi às 17, ou 18 horas, era bem de dia. Perder com o maior rival 1-0 mesmo em casa não é humilhação nenhuma (humilhação é levar quatro duas vezes seguidas, uma em casa...) e acima de tudo esse jogo foi o corolário de uma luta contra o centralismo, em que JNPC, com o apoio dos sócios, depois de decisão validada em AG, assumiu que faltaríamos à final e desceríamos de divisão (era o castigo pela falta à final da Taça de Portugal) se mudassem o local da final previamente marcado. Não foi humilhação alguma, até foi uma afirmação muito forte da determinação do novo presidente, que nunca se iria subjugar ao poder de Lisboa, como veio a confirmar nas quatro décadas seguintes. Esta é a verdade, mas o Bruno Garcia dramatiza, classificando a derrota como uma “ferida aberta que marcou uma geração. Um golpe no orgulho que, à data, pareceu imperdoável”. Completamente falso. Foi exatamente o oposto, um jogo do orgulho portista, apesar do resultado adverso – jogámos bem, jogámos melhor, mas não conseguimos marcar e perdemos por causa de um chuto de muito longe de Carlos Manuel, ainda na primeira parte. No ano seguinte fomos novamente segundos classificados, novamente atrás do Benfica de Eriksson, vencemos a Taça de Portugal e fomos à final da Taça das Taças, que perdemos para a Juventus por 1-2, depois de uma espetacular exibição, elogiada por toda a imprensa, nacional e internacional, em que o FC Porto de Pedroto (no banco estava António Morais) mostrou o “tiki-taka” à moda do Porto. Engraçado como o Bruno Garcia só encontra defeitos, até fala que estavam poucos portistas no estádio, o que mostra um terrível desconhecimento do país de então. Vivíamos em forte crise económica, a inflação em Portugal roçava os 30%, viajar de avião era uma raridade, pois as viagens custavam centenas de contos. Basicamente, ninguém viajava de avião, à exceção de meia dúzia de ricos. Claro que havia muitos mais adeptos da Juventus, pois Turim fica a 400 km de Basileia. É uma falta de respeito dizer que o Fernando Gomes estava mais preocupado com contratos de patrocínio do que com o jogo, até porque já não se pode defender. Não me lembro de alguma vez PdC ter dito tal, porque uma coisa é dizer, porque é verdade, que os jogadores aproveitaram a presença na final para assinarem patrocínios, outra é dizer que estavam mais preocupados com isso do que com o jogo, numa permanente tentativa de depreciar as pessoas de então, ao mesmo tempo que se desculpam e elogiam as pessoas de agora. Pinto da Costa e Fernando Gomes são dos maiores símbolos do portismo e agora que já não estão entre nós a obrigação é, no mínimo, dizer a verdade sobre eles, que foram gigantes. Mas o pior de tudo vem a seguir, com a forma como o Bruno Garcia relata a eliminação pelo Wrexham. A verdade é que o FC Porto chegou rapidamente aos 3-0, mas depois o temporal que se abateu sobre a cidade do Porto e os frangos de Borota, contratado ao Boavista para suprir o castigo de Zé Beto nas provas europeias, permitiu que os galeses reduzissem para 3-2, o que lhes dava o apuramento pela regra do golo fora (tinham ganho 1-0 em casa). Após o intervalo rapidamente Futre fez o 4-2, que dava o apuramento, mas novo frango de Borota eliminou o FC Porto, num jogo em que nos últimos minutos era impossível jogar. Foi de facto humilhante e o que fez PdC? Manifestou a sua confiança na equipa e no treinador Artur Jorge, acabado de chegar ao clube, não teve nenhum tique de ditadorzeco e não mandou ninguém de volta ao hotel. O que aconteceu a seguir? O FC Porto jogou talvez o mais bonito futebol da sua história, acabou a época como campeão nacional, com a equipa a ser seguida para todo o lado pela massa associativa – no jogo da Luz, na segunda volta, rezam as crónicas que estiveram mais de 30 mil adeptos do FC Porto e se procurar no you tube encontra imagens dessa presença massiva dos portistas na Luz. Acho que dá para perceber a diferença de ação em situação de crise dos dois presidentes...
Fico muito triste por ver portistas a falsificarem a verdade histórica do período mais bonito da vida do FC Porto, em que JNPC transformou um clube pequenino de uma pequena cidade do ocidente da Europa num clube gigante e muito, muito vencedor. O Bruno Garcia tem todo o direito em apoiar AVB e em defender a sua presidência, mas já não tem o direito de o fazer à custa de narrativas falsas, em que se procura estabelecer comparações que não correspondem à realidade. Caro Bruno Garcia, oxalá AVB encontre rapidamente o caminho, eu não acredito muito que o faça, porque ele, como todos nós, teve o melhor professor e não quis seguir os seus passos, até quis hostilizar o seu legado. Estamos a pagar isso e ainda no domingo voltámos a pagar bem caro. Duas goleadas consecutivas do Benfica é demasiado humilhante, nunca nas nossas vidas tinha acontecido uma só goleada e o pior é que nenhum de nós pode garantir que não haverá uma terceira na próxima vez que nos cruzarmos com o maior rival.

Por fim, acabo como comecei, não sei nem o posso saber se o Bruno Garcia é mal intencionado ou mal informado, mas acredite a narrativa falsa do seu texto não engrandece o FC Porto, só o diminui.

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