Parque da Cidade, Palácio de Cristal ou Serralves são locais que fazem parte do roteiro mais conhecido de parques e jardins do Porto (ler mais abaixo ”Os mais visitados”). Existem, contudo, outros locais, alguns protegidos por portões de ferro forjado, outros mais afastados do centro da cidade, que convidam à descoberta e a passeios com menos gente.
(foto de Miguel Oliveira)
Parque de São Roque
Ao entrar no parque pela rua de São Roque da Lameira, na freguesia de Campanhã, é o palacete da antiga Quinta da Lameira que nos recebe com o seu amarelo torrado, azulejos na fachada e telhas de faiança. O imóvel, atualmente fechado e degradado, esconde 4 hectares de verde que sobem por trás dele até a travessa das Antas, onde se encontra a outra entrada para o parque.
Conhecido por quem ali vive, e porque quem brincou lá antes de a degradação se instalar, o parque de São Roque passa despercebido a muitos habitantes da cidade e mesmo aos turistas que nos visitam. Para além dos jardins, fontes, lagos e grandes árvores, é motivo de atração um labirinto circular que faz as delícias dos mais pequenos.
Foi lá que o P24 encontrou Paula Gouveia, moradora na zona que, aproveitando o período de férias, acompanhava o filho com um grupo de amigos. “Este é um parque muito pacato”, descreve, acrescentando frequentar o espaço há vários anos. “Já foi mais atrativo para as crianças, pois antes existia um parque infantil, que se foi degradando e acabou por desaparecer”, conta, lembrando ainda que chegou a funcionar ali no parque um café, “que também fechou”.
O encerramento destas estruturas deixou o parque “menos atrativo e menos concorrido”, mas, ainda assim, é um local especial, “onde ouvimos os passarinhos e temos ar puro”. Além disso, “há casas de banho e água, o que para as crianças é essencial”, nota a moradora, que demonstra alguma preocupação com o estado de degradação do local. “Já se ouviu falar um pouco de tudo”, refere.
A última proposta foi feita pela CDU que quer ver a Câmara do Porto a investir na requalificação do espaço. Enquanto o palacete do século XVIII permanece fechado, os jardins do parque, em estilo romântico, continuam a convidar para um passeio prolongado.
O Parque de São Roque fica na rua São Roque da Lameira, 2040, Porto, e abre das 8h às 20h.
Parque das Virtudes
Centro do Porto, Cordoaria. Um dos locais mais conhecidos e visitados da cidade ainda guarda um segredo verde que alberga a maior Ginkgo Biloba de Portugal. Com 35 metros, a árvore é um dos ex-libris do Parque – jardim ou horto, como também é conhecido – das Virtudes, escondidinho ali atrás do Palácio da Justiça. Tem a particularidade de ser um jardim em socalcos sobranceiro ao rio Douro, ao casario de Miragaia e ao edifício da Alfândega.
Se no fim de semana o espaço tem mais gente, à semana há momentos em que se encontra quase vazio, por exemplo pela manhã ou à hora do almoço. Quem garante é Pedro Santos, estudante, que costuma frequentar o espaço. “Este é um dos sítios mais bonitos do Porto para mim”, afirma. Apesar de não ser muito conhecido, “é seguro e costuma estar limpo e bem tratado”, refere.
O Parque Municipal das Virtudes fica na rua de Azevedo de Albuquerque, Porto, e abre de Outubro a Março das 9h às 18h e de Abril a Setembro das 9h às 19h.
Quinta do Covelo
O espaço verde, com cerca de 8 hectares, é muito utilizado para caminhadas e corridas, mas tem como estrela maior o parque infantil. Os equipamentos para os mais novos fazem com que a Quinta do Covelo seja muito procurada ao fim de semana, “ao domingo, no fim da manhã, já não há sítios para estacionar”, conta Mário Silva, morador da zona, que vai caminhar todas as manhãs ao parque, “menos ao domingo”.
Apesar de ser mais procurado ao fim de semana, sobretudo por famílias mas também por jovens casais, durante a semana o espaço ainda conserva recantos sossegados, divididos entre vegetação mais densa e uma alameda de árvores, que termina nas ruínas da casa e capela da antiga Quinta do Lindo Vale ou da Boa Vista, que permanecem assim desde o Cerco do Porto.
Acessos pelas ruas Faria Guimarães e Bolama, no Porto. Abre de Outubro a Março das 7h às 17h e de Abril a Setembro das 7h às 20h. O parque infantil abre sempre às 10h.
“Jardim das Camélias”
Escondido entre as caves de vinho do Porto, fica o Parque da Quinta do Conde das Devesas – que também é conhecido como Jardim das Camélias, por ser “casa” para mais de 104 variedades destas árvores. Ao entrar no parque, somos recebidos por um tulipeiro centenário, que, por esta altura do ano, providencia sombras amenas com os seus galhos frondosos. É impossível não reparar no solar que se impõe no jardim. Mas nem sempre foi assim.
Quando a Câmara de Gaia começou a recuperar o espaço, que esteve fechado durante vários anos e o abriu ao público em 2013, “o solar estava tomado por silvas e heras”, conta Fernando Martins, funcionário do parque. Hoje, o palacete do século XVIII continua fechado e em ruínas, mas o jardim está bem cuidado.
Além das várias variedades de camélias, neste momento sem flores, há azáleas, magnólias e lagos com nenúfares, num jardim em socalcos, que já não tem a dimensão original, mas ainda permite um passeio diferente. “Este é um jardim sossegado e pouco conhecido. Recebe 20 a 30 pessoas por dia”, partilha o funcionário.
O Parque da Quinta do Conde das Devesas fica na rua Dona Leonor de Freitas, 162, Gaia. De 16 de Outubro a 14 de Março, abre das 9h às 17h; de 15 de Março a 15 de Outubro, abre das 9h às 18h, durante a semana, e das 9h às 19h, durante o fim de semana.
Quinta da Boeira
Conhecida pelo seu restaurante e também por ser local de casamentos, baptizados e outros eventos, a Quinta da Boeira, no centro de Vila Nova de Gaia, oferece aos visitantes três hectares de jardim, com árvores seculares e um lago. Um refúgio verde bem perto da azáfama da avenida da República, que continua a passar despercebido.
“Muitas pessoas pensam que, por ser uma propriedade privada, está fechada ao público”, justifica Mariana Tavares, uma das responsáveis pelo bar do espaço. O parque e o palacete do século XIX estão abertos ao público e podem ser visitados gratuitamente. Não se assuste com uma garrafa gigante no meio do jardim – é o projecto “Portugal in a Bottle”, que divulga as riquezas culturais do nosso país, dos comes e bebes ao artesanato, passando pela música.
Fica na rua Teixeira Lopes, 114, Gaia, e abre das 10h às 22h.
Novinho em folha!
A Universidade do Porto inaugurou na última quinta-feira no polo da Asprela o novo Parque da Quinta de Lamas, de 3 hectares, uma obra que custou mais de 800.000 euros e foi co-financiada pela UP e pelo Banco Santander Totta. O parque ocupa mais de 18.000 metros quadrados de área relvada, tem 700 árvores e arbustos plantados, zonas de desporto informal, percursos pedonais e um troço da ribeira da Asprela, que ali passava entubada e agora corre a céu aberto, com leito e margens naturalizados.
Os mais visitados
O Parque da Cidade é o maior parque urbano do país. São 83 hectares e cerca de 10 quilómetros de caminhos, que se estendem até ao mar. Aos domingos, junto ao Edifício Transparente, há tai-chi (9h30) e Método de Rose (11h) – aulas gratuitas.
Os jardins românticos do Palácio de Cristal apresentam várias vistas panorâmicas sobre o Douro. São 8 hectares de verde bem no coração da cidade, onde há parque infantil. Até Setembro, aos sábados, há aulas livres de pilates (9h) ioga (10h) e tai-chi (11h).
Uma pá gigante vermelha recebe-nos à entrada do Parque de Serralves, para que não haja dúvidas. Este é um parque diferente. A “Colher de Jardineiro”, de Claes Oldenburg e Coosje van Bruggen, é a mais emblemática das várias esculturas que povoam este espaço verde. São 18 hectares com vários recantos e diversas espécies de árvores e plantas.
Antes de se transformar em Jardim Botânico do Porto, a Quinta do Campo Alegre pertenceu à família Andresen e foi a casa da infância de Sophia de Mello Breyner e de Ruben A., referida, muitas vezes, nas suas obras literárias. Hoje, é um jardim público, mas que continua a guardar os seus encantos e recantos.
Com 11 hectares, o Parque da Lavandeira é um dos parques mais conhecidos e frequentados de Vila Nova de Gaia. Tem espaços de lazer e jardins temáticos, além de uma agenda diversificada de iniciativas, como o ioga (quartas e sextas-feiras, às 9h45) e o tai-chi (terças e quintas-feiras, às 9h30).
A Quinta da Conceição é o principal parque público de Matosinhos. O espaço ainda conserva traços do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Ordem de São Francisco, construído a partir de 1481. O parque conta também com uma piscina, projectada pelo arquitecto Siza Vieira, que esteve fechada durante um período para manutenção e reabriu ao público no verão passado.
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