FT: Portugal "chocou de frente" com investidores estrangeiros
Análise do "Financial Times" refere as decisões relacionadas com o Novo Banco e com a reversão das concessões nos transportes.
Portugal "chocou de frente" com investidores internacionais depois da controversa decisão do Governo socialista de reestruturar um dos maiores bancos do país enquanto procura, ao mesmo tempo, equilibrar um ambiente propício ao investimento com a promessa de acabar com anos de austeridade, segundo o "Financial Times".
Alguns dos maiores fundos do mundo já ameaçaram avançar para tribunal depois do Banco de Portugal ter imposto perdas de dois mil milhões de euros aos detentores de obrigações seniores do Novo Banco - estas passaram para o BES, o "banco mau". O Económico noticia hoje que o BdP vai "ignorar" a decisão de um tribunal de Londres sobre a decisão do Oak Finance ir para o BES.
Além disso, movimentos para anular os processos de subconcessões no sector dos transportes, incluindo a privatização da TAP, motivaram mais protestos tanto por parte das empresas estrangeiras envolvidas, como das embaixadas de países como a França, Reino Unido ou México.
"Costa enfrenta a impossível tarefa de reconciliar as exigências competitivas entre os parceiros da esquerda e a comunidade internacional de investimento", diz Mujtaba Rahman, da consultora de risco Eurasia Group. É provável que isto tenha "um impacto negativo no ambiente empresarial português durante vários anos."
Pedro Passos Coelho, o anterior primeiro-ministro, atacou esta quarta-feira o novo governo, dizendo que este está a antagonizar os investidores, "revertendo e destruindo" o que o anterior governo fez e "minando a confiança dos investidores estrangeiros".
Além das novas medidas ao Novo Banco, o Governo também resgatou o Banif, gastando 2,2 mil milhões de euros para salvar um banco de pequenas dimensões, lembra o FT.
Os investidores internacionais atingidos pela decisão já avisaram que podem pressionar os custos dos empréstimos e ter efeito nos juros.
Os investidores também mostraram desagrado pelos esforços de Costa de reestabelecer o controlo público da TAP, procurando reverter a venda da maioria do capital. Ao mesmo tempo, vários operadores privados dos transportes, de Espanha, França e México, estão a tentar bloquear a decisão do Governo de reverter as concessões nos transportes públicos de Lisboa e Porto. A embaixada mexicana e a britânica já expressaram as suas preocupações sobre o tema. [daqui]
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