Um primeiro-ministro que mostra no Parlamento desconhecer que o seu Governo tinha avançado com um empréstimo de 850 milhões de euros para acudir aos buracos de um banco não é uma situação normal.
O primeiro-ministro habituou-nos a ser fiável na memória e capaz no conhecimento em sucessivas entrevistas, prestações parlamentares ou em conferências de imprensa, como as que fez durante a pandemia. Custa por isso entender o que esteve na origem do desconhecimento que revelou sobre o processo Novo Banco esta semana na Assembleia. Se fosse um detalhe num gasto com uma ribeira em Alverca, percebia-se. Se em causa estivesse uma alínea de uma medida para a pecuária, aceitava-se. O que se passou, porém, é de tal gravidade que constitui um dos maiores erros políticos de António Costa em anos. Um primeiro-ministro que mostra no Parlamento desconhecer que o seu Governo tinha avançado com um empréstimo de 850 milhões de euros para acudir aos buracos de um banco não é uma situação normal. Expõe um descontrolo que a crise da covid-19 não justifica ou a existência de correntes subterrâneas no Governo que nenhum chefe pode tolerar.
Irresponsáveis, Distraídos ou Hipócritas?
O Novo Banco recebeu esta semana do Estado 850 milhões de euros. A verba foi transferida para o Fundo de Resolução pelo Ministério das Finanças. António Costa veio manifestar a sua surpresa, Catarina Martins considerou o facto chocante. Mas esta transferência foi afinal proposta por António Costa no Orçamento de Estado que o Governo fez aprovar no Parlamento há apenas três meses (em Fevereiro) e que foi viabilizado com os votos do Bloco de Esquerda.
Donde vem então a surpresa e o choque? Costa não sabe o que propôs? Catarina não sabe o que viabilizou? Esqueceram (ambos), em três meses, uma dotação orçamental desta dimensão? Ou a "surpresa" e o o "choque" são uma simulação em que contracenam Catarina e Costa?
(Paulo de Morais dixit)
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