Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

INSUSTENTÁVEL

 Em 2019, a deputada Aline de Beuvink, com ascendência ucraniana e na qualidade de deputada à Assembleia Municipal de Lisboa, fez uma intervenção sobre o Holodomor no contexto da discussão de um voto de equiparação do nazismo ao comunismo.



Em 2017, o Parlamento português aprovou um voto de condenação do Holodomor e de reconhecimento do genocídio que terá vitimado cerca de 7 milhões de ucranianos nos anos de 1932 e 1993. Aprovou ainda um outro voto de homenagem às vítimas da Grande Fome e suas famílias.

Posição semelhante foi adoptada em Declaração Conjunta aprovada pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Resolução da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, em Resolução da Conferência-Geral da UNESCO ou em Declaração Conjunta dos Estados-Membros da OSCE.

No mesmo sentido, o Parlamento Europeu aprovou em 2019 uma Resolução em que se reconhece o Holodomor e a fome programada pelo regime comunista de Estaline em 1932 e 1933 como um terrível crime contra o povo ucraniano e contra a Humanidade.

Independentemente dos actos de condenação formais, a ocorrência de um episódio de fome generalizada na Ucrânia nos anos de 1932 e 1933 que teve como consequência milhões de mortes é um facto histórico estabelecido e incontestável.

Da mesma maneira, são vários os relatos credíveis e confirmados, nomeadamente pela Cruz Vermelha, sobre a existência de actos de canibalismo associados às circunstâncias terríveis de fome extrema que a população ucraniana teve de enfrentar durante aqueles dois anos.

Foi a esta enorme catástrofe que Aline de Beuvink se referiu, com a autoridade acrescida de ter acedido a informação detalhada através de relatos directos de familiares seus que os presenciaram em toda a sua tremenda dimensão.

Ora, sobre esta intervenção e sobre a terrível tragédia humanitária sofrida pelo povo ucraniano, decidiu o Conselheiro de Estado Francisco Louçã fazer um número de pantomina que ofende gravemente Aline de Beuvink e a memória histórica das vítimas do Holodomor.

Ofende Aline de Beuvink porque truncou as suas afirmações, apresentando-a como uma lunática que acredita que os comunistas “comiam criancinhas ao pequeno almoço” quando o que resulta da intervenção da deputada municipal na sua versão integral é que esta frase de uso comum tem a sua origem precisamente na tragédia ucraniana.

E ofende de forma infame o povo ucraniano porque faz da tragédia um motivo de galhofa que seria chocante mesmo em contexto de conversa de taberna, mas que é absolutamente inaceitável em quem tem determinado tipo de responsabilidades e em horário nobre num canal de televisão que lhe dá um programa para o proferir.

Para um extremista a verdade é sempre instrumental, mesmo quando se trata de usar em tons negacionistas um dos mais hediondos crimes contra a Humanidade.

Louçã assumiu como modo de vida a manipulação, a mentira, a deturpação e a ausência de escrúpulo. Seria uma opção pessoal se não fizesse parte do Conselho de Estado. Fazendo, e enquanto fizer, envergonha os portugueses e arrasta Portugal para uma posição insustentável.

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