Em 2019, a deputada Aline de Beuvink, com ascendência ucraniana e na qualidade de deputada à Assembleia Municipal de Lisboa, fez uma intervenção sobre o Holodomor no contexto da discussão de um voto de equiparação do nazismo ao comunismo.
Posição semelhante foi adoptada em Declaração Conjunta aprovada pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Resolução da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, em Resolução da Conferência-Geral da UNESCO ou em Declaração Conjunta dos Estados-Membros da OSCE.
No mesmo sentido, o Parlamento Europeu aprovou em 2019 uma Resolução em que se reconhece o Holodomor e a fome programada pelo regime comunista de Estaline em 1932 e 1933 como um terrível crime contra o povo ucraniano e contra a Humanidade.
Independentemente dos actos de condenação formais, a ocorrência de um episódio de fome generalizada na Ucrânia nos anos de 1932 e 1933 que teve como consequência milhões de mortes é um facto histórico estabelecido e incontestável.
Da mesma maneira, são vários os relatos credíveis e confirmados, nomeadamente pela Cruz Vermelha, sobre a existência de actos de canibalismo associados às circunstâncias terríveis de fome extrema que a população ucraniana teve de enfrentar durante aqueles dois anos.
Foi a esta enorme catástrofe que Aline de Beuvink se referiu, com a autoridade acrescida de ter acedido a informação detalhada através de relatos directos de familiares seus que os presenciaram em toda a sua tremenda dimensão.
Ora, sobre esta intervenção e sobre a terrível tragédia humanitária sofrida pelo povo ucraniano, decidiu o Conselheiro de Estado Francisco Louçã fazer um número de pantomina que ofende gravemente Aline de Beuvink e a memória histórica das vítimas do Holodomor.
Ofende Aline de Beuvink porque truncou as suas afirmações, apresentando-a como uma lunática que acredita que os comunistas “comiam criancinhas ao pequeno almoço” quando o que resulta da intervenção da deputada municipal na sua versão integral é que esta frase de uso comum tem a sua origem precisamente na tragédia ucraniana.
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