" Pela mão do meu Pai tornei-me sócio do Futebol Clube do Porto aos 10 anos e fui atleta do Clube. Desde então, que procuro ir, pelo menos, a todos os jogos em casa. Tenho lugar anual desde o início, tendo-o mantido quando vivia no estrangeiro. Chorei contra o Hamburgo por um penalti não assinalado que nos daria a passagem, e contra o Werder Bremen pela manita incrível no campo do Campeão Alemão. Vibrei na Luz, Gelsenkirchen, Bessa, Faro, no Américo de Sá, no Dragão Caixa ou na casa do FCP, em Londres. São 40 anos de sócio, de alegrias, de resistência. 40 anos de crescimento e sucessos.
Aprendi a admirar Jorge Nuno Pinto da Costa, como quase todos os Portistas. Mas também já o critiquei. E agora sinto que tenho de apoiá-lo pela primeira vez, que será, segundo o próprio e a lei da vida, a última.
Primeiro a admiração.
JNPC não é só o Presidente mais titulado da história do futebol, marca que será eterna. Não é apenas uma lenda viva do futebol Mundial. Ele é um símbolo vivo de resiliência num País centrifugado em torno de uma capital que não admite numa área, num único setor, não ter as instituições mais bem sucedidas.
Lisboa sugou tudo ao Porto e ao resto do País. Regressei a Portugal em 2000 para trabalhar numa grande empresa, então sediada no Porto, como estavam por exemplo os Bancos nascidos na Invicta. Entretanto, a centrifugação acentuou-se num centralismo doentio, anti-patriótico e empobrecedor de todos em favor de elites de um certo eixo sulista e elitista. Elites onde se incluem os adversários diretos do FCP, beneficiários líquidos da situação que amiúde aparenta não ter rei, nem roque, como nos escândalos sucessivos e condenações inconsequentes de várias partes interessadas.
Que figura a Norte sobreviveu às tentações centralistas ilegitimamente financiadas com os impostos de todos?
Foi Jorge Nuno Pinto da Costa.
Há um FC Porto do Porto, provinciano, regional, os Andrades ou o Contumil como alguns lhe chamam (esses deviam procurar a explicação da palavra para corarem de vergonha pela honra que ela encerra para as gentes do Porto) e é deste FC Porto que sou adepto. Muitíssimo mais do que um clube de futebol, o FCP é uma afirmação, um grito de revolta, uma máquina de trabalho, de procura incessante pelo sucesso, mérito e retribuição. Quem construiu esta organização qual “aldeia gaulesa”?
Foi Jorge Nuno Pinto da Costa.
Agora as críticas.
JNPC não é infalível. Critiquei-o no passado por razões relacionadas com a política onde um clube de futebol não se deve envolver diretamente.
Critiquei-o também pela situação financeira do Clube. E já, desde há 20 anos, quando achava que o FCP se estava a tornar num clube novo-rico em consequência de vitórias que resultaram em muitas receitas e cuja estratégia de reinvestimento considerei errada. Penso que investimos em nos mantermos fortes no presente ao invés de apostar na sustentabilidade independentemente dos resultados desportivos. Mas quem era eu? Os sócios queriam assim.
Penso que o FCP não soube interpretar estrategicamente o tipo de crescimento em que devia investir. Era tudo novidade para um clube Português. Isso resultou em anos deficitários, principalmente quando não havia sucesso desportivo, revelando-se os maioritários anos de vitórias insuficientes para estancar o debacle financeiro.
Ímpar na gestão desportiva, JNPC nem sempre conseguiu acertar na gestão financeira, seja pelas pessoas ou pelas políticas.
O mundo mudou e temos o Presidente de sempre. Quem está há 42 anos na liderança de uma organização torna-se Presidente de todas as gerações vivas. E quem o faz com o sucesso do nosso, representa o terror dos adversários.
Porquê apoiar o Presidente de sempre?
Destaco estas ideias:
A primeira é gratidão. Não é suficiente apoiá-lo por estar grato, mas, caramba, os problemas financeiros do FCP têm mais de uma década e raras foram as vezes onde vozes Portistas chamaram a atenção. Será agora a altura para romper, na última vez que vai ser candidato?
Depois, o day after. Sempre me intrigou o dia seguinte. Não por não achar que várias coisas poderão melhorar, ninguém é perfeito, mas para o que o FCP precisa, para as batalhas que continua a enfrentar, não encontro fonte de maior inspiração e personalidade que melhor reflita o espírito de irreverência e resiliência necessários à tarefa. Preocupa-me que se inicie um novo ciclo em ambiente de rotura. Rotura entre sócios, rotura entre modos. Não quero isso para o próximo Presidente.
Por último, o futuro. A dupla JNPC e Sérgio Conceição é para mim o pináculo dos meus 40 anos de sócio. JNPC percebeu que precisávamos do Sérgio. Como deu oportunidade no tempo certo ao José ou ao André, entre outros. Mas o Sérgio é o Sérgio. É o espírito Porto, a personificação do FCP germinado por JNPC. Rigor, Trabalho, Sucesso. Por mim Sérgio ficará até entender. Não quero saber se somos eliminados de uma taça, não me interessa se ganhamos este campeonato ou o próximo. Com Sérgio somos competitivos, sei que os jogadores vão comer a relva que o diabo amassou, diabo esse ausente das provas internacionais onde, ao contrário de outros, brilhamos quase todos os anos. Com Sérgio, estaremos sempre mais perto de ganhar.
A decisão
Torna-se óbvia. Não pretendo que uma Lenda viva do Clube saia pela porta pequena. Ambiciono que use a experiência e a sua colossal dimensão mundial para promover uma mudança tranquila, para fazer o que já devia ter feito, preparar melhor o FCP para a transição, com maior rigor, parcimónia financeira, investimento na formação e infraestruturas, de modo que a tarefa do próximo líder se inicie de uma forma mais natural.
Não estou disponível para criticar outros Sócios do Futebol Clube do Porto. Respeito as suas visões, até partilho de algumas, espero que todos saibam comportar-se à altura do centenário e lendário Clube que representamos e de que Jorge Nuno Pinto da Costa será para sempre símbolo máximo. "
Alberto Lima
Apoiante da Candidatura de Jorge Nuno Pinto da Costa à Presidência do FC Porto
Sócio do Futebol Clube do Porto nº 9642
Mensagens
.jpg)
0 comentários:
Enviar um comentário