Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Farto do execrável Rio, o pior inimigo que o Porto já teve

A Feira do Livro do Porto, que se realiza ininterruptamente há 82 anos, resistiu à implantação do Estado Novo, à II Guerra Mundial, à campanha de Delgado, à guerra colonial, ao 25 de Abril e a duas intervenções do FMI - mas não sobreviveu à intransigência de Rui Rio.


Ir a Lisboa, à Feira do Livro


Em tudo na vida é preciso método. Até para uma abordagem eficaz à Feira do Livro. A técnica adequada é a usada no consumo de jornais pelos mais experientes leitores. Primeiro folheia-se o jornal todo, petiscando títulos, entradas e destaques, fotografias e legendas. Depois, já na posse de conhecimento superficial da generalidade dos assuntos, parte-se para a leitura cirúrgica, na especialidade das matérias que nos interessam.
Na Feira do Livro (tal como nos buffets, museus ou hipermercados) a técnica a empregar é a mesma. Primeiro há que subir e descer duas vezes os Aliados, da Praça de Humberto Delgado até à da Liberdade para inspecionar com calma e detalhe todos os pavilhões e sinalizar mentalmente as compras potenciais.
Depois, após passar em revista as oportunidades de compra encaradas e definir com rigor o dinheiro a gastar, há que dar uma segunda volta concretizadora, em que se remata ao golo, preferencialmente com a perícia do Kelvin. O ano passado só fui uma vez à Feira do Livro, mas correu muito bem. Investi 20 euros na Livros do Brasil, adquirindo 19 policiais da Vampiro (no essencial Simenon, Rex Stout, Stanley Gardner, Frank Gruber e Leslie Charteris) a que acrescentei "O homem duplo", de Philip K. Dick (col. Argonauta) - não sou fanático por ficção científica, mas quis poupar ao empregado a maçada de dar um euro de troco. Apliquei ainda 15,40 euros no pavilhão da Estampa, onde me tornei feliz proprietário da versão portuguesa dos guias Gallimard de Roma e Boston. A minha excursão ficou completa com uma bifana e um fino na Conga, sobremesado por um café tomado na esplanada (durante a feira não chove sempre todos os dias...) da Cancela Velha, enquanto folheava o Guia de Boston.
Uma das coisas que mais me atraem na Feira do Livro é poder escapar à ditadura do efémero que se apoderou das livrarias, que aumentaram imenso a velocidade da rotação dos livros nas suas estantes e expositores. Se um livro não está a sair de acordo com as expetativas, em escassas semanas desaparece das prateleiras.
Este ano vai ser uma chatice. A Feira do Livro do Porto, que se realiza ininterruptamente há 82 anos, resistiu à implantação do Estado Novo, à II Guerra Mundial, à campanha de Delgado, à guerra colonial, ao 25 de Abril e a duas intervenções do FMI - mas não sobreviveu à intransigência de Rui Rio.
É uma tristeza. Isto vai de mal a pior, e até para visitar a Feira do Livro é preciso ir a Lisboa. Ainda pensei aderir ao movimento Quero a Feira do Livro de volta. Troco pelo Circuito da Boavista, pois simpatizo com os termos em que a questão é colocada - ao fim e ao cabo, as corridas deram 700 mil euros de prejuízo, um zero a mais (à direita) dos 75 mil euros de subsídio que a Câmara do Porto recusou aos editores e livreiros. Mas não vale a pena porque o Rui é um casmurro e quando se lhe mete uma ideia na cabeça não há nada a fazer. E estou certo de que o próximo presidente vai trazer de volta a nossa Feira do Livro.



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