Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Poesia de amor


 amor é um dos temas preferidos dos poetas. Talvez por representar um dos mais intensos e enigmáticos sentimentos humanos, talvez por seu caráter idealizado, talvez por ser pura poesia e ponto (ou reticências…). Apesar de ser uma data desvirtuada pelo consumismo, como tantas outras, o Dia dos Namorados sempre acaba nos arrebatando com certa dose de romantismo, estejamos acompanhados, curtindo a vida a dois, ou mesmo sós, pensando nos amores vividos ou nos que virão. Portanto, aqui vai uma seleção de alguns poemas de amor consagrados.
Transforma-se o amador na cousa amada
(Luís de Camões)
Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si sómente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.

Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co’a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.

Nem só de Os Lusíadas vivia Camões. Em sua poesia lírica, o poeta português demonstra uma visão platônica do amor: basta sentir dentro de si a presença da mulher amada para se realizar.
Soneto de Fidelidade
(Vinícius de Moraes)
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícius, nosso poetinha, exalta os belos prazeres da paixão e se compromete a ser fiel ao amor que sente, com a intenção de vivê-lo em sua plenitude, mesmo sabendo que é um sentimento efêmero (em sua percepção). Os dois versos finais tornaram-se praticamente um hino dos apaixonados.
O mundo é grande
(Carlos Drummond de Andrade)
O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

Drummond, sempre tentando simplificar a vida com sua sensibilidade poética, resume todo o sentimento amoroso em uma ação: o beijo, ápice do gesto romântico.
Não te amo
(Almeida Garrett)
Não te amo, quero-te: o amar vem d’alma.
E eu n’alma – tenho a calma,
A calma do jazigo.
Ai!, não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai!, não te amo, não!

Ai!, não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado.
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! Não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror…
Mas amar!… não te amo, não.

O eu-lírico de Garrett faz um manifesto contra o amor espiritual e a favor do amor carnal, defendendo seu direito de apenas desejar alguém, sem amar. No entanto, de tanto reforçar o fato de não amar, ele deixa a interpretação um pouco dúbia: afinal, pelo esforço tremendo em tentar convencer (e convencer-se) de que não ama, será que ama?
Amar
(Florbela Espanca)
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui…além…
mais este e aquele, o outro e toda a gente..
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
durante a vida inteira é porque mente.

Há uma primavera em cada vida:
é preciso cantá-la assim florida,
pois se Deus nos deu voz foi prá cantar

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
que seja minha noite uma alvorada,
que me saiba perder… prá me encontrar…

Para encerrar dando um toque feminino à seleção, a poetisa Florbela Espanca apresenta um conceito de amor livre, sem tempo, sem alvo, sem pudores. Ela quer viver vários amores, amar a vida, as pessoas, o amor, aproveitando o que há de bom no sentimento.
E então, será que você se anima a declamar um desses poemas para o seu amor hoje? Ou tem alguma outra preferência? Deixe seus suspiros apaixonados nos comentários! [daqui]

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