O programador informático João Pina falou à Tribuna Expresso das fragilidades da plataforma de voto eletrónico nas eleições do Benfica, que permitem que não sócios acedam a sessões de voto dos sócios, sendo para já uma incógnita se houve de facto submissão de votos por terceiros. Por outro lado, o sistema de votação eletrónica nas primeiras horas bloqueava endereços de IP nacionais e apenas permitia votos submetidos de IP estrangeiros. João Pina indica que o sistema estava a bloquear IP dos Açores "e a impedir sócios de votar"
O sistema de votação electrónica das eleições do Sport Lisboa e Benfica que decorrem esta quarta-feira revelou algumas falhas que estão a permitir a terceiros, não sócios do clube, aceder a boletins de voto em sessões iniciadas por alguns sócios.
O programador informático João Pina, que utiliza o perfil Tomahock na rede social Twitter, alertou para algumas fragilidades do sistema informático. "Há uma série de implementações técnicas ridículas", declarou João Pina ao Expresso, exemplificando com a possibilidade de qualquer cibernauta poder aceder a sessões de votação abertas por um sócio do clube, a partir de um URL (endereço) que começou a circular nas redes sociais.
Por algum motivo, o sistema informático do Benfica não bloqueia acessos de terceiros a uma sessão de voto aberta por um sócio e exibe, no navegador de Internet, um endereço que se introduzido por um qualquer utilizador da Internet (mesmo que não seja sócio) lhe permite abrir o boletim de voto e clicar no candidato que pretender.
O Expresso testou igualmente essa hipótese com um voto em branco, mas aparentemente o voto não foi submetido, aparecendo uma página indicando uma falha de comunicação.
"Não tendo experimentado se o voto entrava ou não, não sei se funcionava", explica João Pina, para quem não é certo que o sistema de voto electrónico do Benfica tenha sido alvo de fraude, mas também não é de excluir que tal possa ter acontecido.
"Este sistema é francamente mau", descreveu o programador informático. João Pina explica que é possível, a partir do URL da sessão de votação de um determinado sócio (como o que passou a circular nas redes sociais), procurar, através de um "script", uma combinação de números que permitam aceder a outras sessões de votação, com a possibilidade de "encontrar mais boletins que podem ou não ter sido submetidos".
Por outro lado, o sistema de votação electrónica nas primeiras horas bloqueava endereços de IP nacionais e apenas permitia votos submetidos de IP estrangeiros. João Pina indica que o sistema estava a bloquear IP dos Açores "e a impedir sócios de votar". Entretanto passou a permitir endereços de IP nacionais. "Há uma mudança das regras a meio do jogo que transmite pouca confiança no sistema", comenta o programador informático ouvido pelo Expresso.
Questionado sobre a possibilidade de as eleições do Benfica estarem a ser alvo de votos fraudulentos, João Pina não dá uma resposta categórica. "Se é possível? Não sabemos. Mas que há muitas bandeiras vermelhas à volta deste sistema, há", refere o programador. "Se este caso acontecesse numas autárquicas ou legislativas os cidadãos não iriam impugnar?", questiona.
0 comentários:
Enviar um comentário