(*) Telmo Azevedo Fernandes, no Blasfémias
No período de um ano e meio ficamos a perceber que a Direcção Geral de Saúde é um antro de incompetência, uma nulidade absoluta, um braço do governo travestido de tecnicidade, um recreio para as pantominas do presidente da República, uma agência com dirigentes a quem não se pode confiar a condução de um triciclo. Enfim, uma excrescência burocrática de um estado malfeitor. O recente dito por não dito em relação à vacinação de crianças contra a covid19 é apenas um dos incontáveis exemplos que o comprova.
O hipocondríaco de Belém exerceu com sucesso o seu magistério de má influência e Graça Freitas fez-lhe a vontade. António Costa, com a sua forma tosca habitual, veio, entretanto, exibir no Twitter a força do seu comando político da DGS e congratular-se com a recomendação de vacinar todas as crianças maiores de 12 anos.
A vacinação não é formalmente obrigatória, mas com um mínimo de honestidade intelectual é fácil perceber que as restrições e pressões para a vacinação são de tal ordem que muito poucos, verdadeiramente, são livres nas suas opções a este respeito.
Mas é bom que os Pais que vão decidir sobre a vacinação dos seus filhos tenham consciência de que as vacinas contra a Cov19 foram admitidas pelas agências internacionais num quadro de “emergência” e não tiveram processo de aprovação normal, nem robustez de validação semelhante ao das outras vacinas.
Como sociedade estamos a seguir o caminho da barbárie. Não fuzilamos pessoas, mas como os políticos e gente de influência sentem que o povo lhes exige que façam qualquer coisa, o governo impõe sacrifícios às camadas da população que não têm forma eficaz de retaliar ou de se defender: os velhos e as crianças.
Um princípio basilar da bioética é “primeiro, não prejudicar”, ou dito de outra forma, “fazer o bem e evitar fazer o mal” significando na práctica reconhecer que qualquer medicamento ou tratamento possui riscos e procurar evitar custos e danos desnecessários para as pessoas.
A Covid19 tem um risco de perigosidade 1.000 vezes superior para idosos do que para crianças. As crianças têm um risco minúsculo e infinitesimal de sofrer de doença relevante com este vírus e, portanto, nenhum benefício com a vacina (ao contrário dos idosos). Porquê sujeitar um filho a injectar uma substância estranha ao corpo quando ele tem um risco negligenciável de transmitir o vírus ou ficar gravemente doente se infectado?
Não protegemos os velhos e agora uma geração amedrontada e histérica quer usar crianças não só como escudo sanitário, mas sobretudo para evitar a censura social, mostrar virtude e acariciar egos insuflados.
A covid não é uma ameaça para as crianças. Pelo menos não mais ameaçadora do que muitos outros riscos que alegremente damos por adquiridos ao deixar os nossos filhos correrem, andarem de carro ou atravessarem as ruas das nossas cidades.
Para que fizesse sentido vacinar crianças, teria de ficar claro, sem qualquer dúvida razoável, que os riscos associados à vacina são virtualmente zero. Porque mesmo tendo a vacina um risco muito pequeno de danos, o risco associado à vacina pode ser maior do que o risco associado à infecção das crianças. Neste momento está longe de ser claro que a vacinação é menos arriscada para as crianças do que a própria infecção e, portanto, é profundamente antiético vaciná-las.
Vacinar crianças na esperança de que isso diminua marginalmente o risco de transmissão para adultos, é colocar em risco os nossos filhos para nosso suposto benefício. Mas isso é inverter a conduta moral de uma sociedade sã, pois são os Pais que devem correr riscos pelos filhos e não os filhos que devem correr riscos pelos Pais.
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