Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Porto d'outrus tempus

 

Mosteiro da Serra do Pilar, ainda com sinais da destruição causada pelos confrontos do Cerco do Porto (1832-1833); foto de c.1920 [Foto Beleza | Porto Desaparecido]

O monte granítico que hoje conhecemos como Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, teve, outrora, as designações de monte da Meijoeira, monte de São Nicolau ou serra de Quebrantões.

No século XII, aqui existiu um convento de freiras descalças de São Nicolau, cónegas de Santo Agostinho. Apesar de ter funcionamento regular, reconhecido pelo bispo do Porto, esta casa religiosa acabou por encerrar no final do século XIII, ficando o convento ao abandono.

Três séculos depois, a vontade de ficar próximo do Porto, fugindo ao arruinado e húmido mosteiro de Grijó, levou a um movimento, liderado pelo frei Brás de Barros (também conhecido como Brás de Braga) – que, mais tarde, viria a ser o primeiro bispo de Leiria –, para edificar um novo mosteiro neste local. A limpidez dos ares, a paisagem desafogada, a calma e o silêncio, constituíam ambientes ideais à vida religiosa.

A 6 de Dezembro de 1537, foi colocada a primeira pedra do mosteiro, sob a direcção do frei Brás de Barros, tendo a seu lado os arquitectos Diogo de Castilho e João de Ruão. Tanto o primeiro, asturiano, como o segundo, francês, realizaram obras importantes, especialmente em Coimbra. As obras de construção do mosteiro, no entanto, sofreram sucessivos atrasos, tendo alguns monges regressado a Grijó, em 1563. Tal acabou por levar à cisão entre os dois mosteiros.

Segundo a documentação existente, em 1567 a primitiva igreja do mosteiro estava já concluída, havendo dúvidas sobre se a sua planta seria latina ou circular. Seja como for, esta primeira igreja acabou por ser demolida no final do século XVI, alegadamente por ser de dimensão reduzida.

O claustro, que se iniciou em 1576, ficou concluído em 1583. Pensa-se que a concepção circular do claustro estaria presente desde o início da idealização do mosteiro (1537), da autoria de Diogo de Castilho.

Coube a D. Acúrsio de Santo Agostinho, eleito prior do mosteiro em 1596, a iniciativa da edificação da nova igreja, de planta circular, finalizada em 1678. No domingo de Páscoa desse ano, o então prior D. Jerónimo da Conceição, colocou no altar-mor uma imagem de Nossa Senhora do Pilar. A partir desse momento, a igreja tomou essa invocação, abandonando o nome de Santo Agostinho da Serra que teve inicialmente. Por coerência, para dia festivo foi escolhido 15 de Agosto.

Trata-se de uma igreja muito original, a lembrar a de Santa Maria Rotonda, o Panteão de Roma, cercada de capelas. De facto, a forma redonda aplicada, tanto à igreja como ao claustro, parece ter sido inspirada naquele edifício, uma construção romana do século II. A igreja da Serra do Pilar apresenta-se como um duplo cilindro, coroado por uma cúpula semiesférica, tendo no topo um lanternim em cantaria.

Em 1690, Manuel Couto e João Maia foram contratados para executar a obra da capela-mor, segundo projecto de Domingos Lopes. A construção da capela-mor obrigou à demolição e transladação do claustro alguns metros para nascente, mantendo, no entanto, a mesma configuração.

(daqui)

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