Mais um documento que nos mostra o que é a exploração das necessidades espirituais das pessoas e daqueles que usando de todos os estratagemas as ludibriam a ponto de as sugar financeiramente em prol da sua própria riqueza.
Essa é a planilha do controlo de entradas de um pastor da Igreja Universal em 2007. Hoje as coisas estão mais modernas, as planilhas são feitas em Excel e as metas são maiores, mas o trabalho é o mesmo.
Até 2006 eu fui pastor de uma igreja evangélica também (oh, surpresa, que horror! rsrs). Só que eu era um garoto sincero e acreditava em Deus. Também acreditava na igreja e que eu tinha uma missão como líder religioso. Como eu estava começando, os líderes acima de mim me deixaram trabalhar da forma que eu achava certo, mas quando a coisa começou a crescer, eu fui chamado na sala do bispo.
Chegando lá o cara começou me elogiando, dizendo que eu tinha talento e que esse talento agora precisava ser melhor trabalhado pra que eu pudesse explorar o máximo do meu potencial. Eu fiquei todo "me achando" e feliz que o bispo fodão queria me ajudar e tals.
Aí o cara começou a me explicar que tudo o que eu fiz até ali estava ótimo, mas agora eu teria que aprender a ARRECADAR MAIS. Me explicou que a igreja era também uma empresa e que precisava crescer, também me explicou que eu tinha família e também precisava crescer.
Eu, até então, era voluntário e não recebia um tostão da igreja. Trabalhava de dia e fazia as reuniões e visitas no fim da tarde e a noite. Mas agora tudo seria diferente. A proposta do bispo era que eu começasse a receber comissões dos dízimos e ofertas que os "irmãos" levavam para "deus".
Eu ouvi com atenção, mas logo de cara me embrulhou o estômago. Isto era o meio do ano de 2006 e eu tinha 22 anos.
Estava começando uma campanha da Arca da Aliança, e ele me deu uma sacolinha cheia de miniaturas da "Arca de Deus", e me ensinou como eu iria pedir ofertas em troca da arquinha abençoada. Me ensinou como colocar os envelopes nas cadeiras pra que, quando as pessoas chegassem já se sentissem constrangidas a dar. Me ensinou algumas maneiras de usar a bíblia para estimular as pessoas a darem mais, e me ensinou, acima de tudo, que o objetivo principal das campanhas não era o de estimular a fé e abençoar as pessoas, mas o de ARRECADAR MAIS.
E não estou interpretando isso, ele me disse com todas as letras: "As campanhas que fazemos tem apenas um objetivo, o de arrecadar mais".
Depois daquela aula de sacanagem, eu sai daquele escritório angustiado e confuso. Alguns dias depois mandei todo mundo pra putaquepariu e fui me esconder em outro estado por uns 15 dias, depois voltei pra ver o que fazia da vida.
A história é longa e tem muitos detalhes, outro dia eu conto mais. Mas o mais importante é que contei essa história pra confirmar a veracidade daquela planilha de comissão pastoral que está no começo deste post.
As igrejas hoje, em sua grande maioria, não passam de empresas que visam lucro e apenas isso. Não é uma teoria minha nem pré-conceito, EU VIVI ISSO. Se existem exceções, eu ainda não conheci.
Fica aqui um alerta pra quem ainda se deixa enganar por pastores espertalhões que lucram em cima da fé dos mais simples. Dê o seu dinheiro pra uma instituição de caridade, ou para sustentar um blogueiro honesto e pobre como eu, mas não seja bobo para sustentar safados como a maioria dos pastores evangélicos são. Não são todos, mas são a maioria.
Acorda crente, porque se Deus existe não está em nenhum desses lugares que supostamente o representam. [FM]