Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Dois reinos a "reinar" connosco

A vitória do NÃO à independência no referendo escocês, sendo aparentemente um passo atrás para todos os que defendem ideias regionalistas, nomeadamente em Portugal, foi na verdade um passo em frente. Um grande passo em frente. Já lá vamos.
A decisão do Tribunal Constitucional espanhol na tentativa de inviabilizar (ou pelo menos tornar ilegal e inconstitucional) o referendo na Catalunha, que parece um passo atrás para todos os que defendem ideias regionalistas, nomeadamente em Portugal, foi na verdade um passo em frente. Um grande passo em frente. Já lá vamos.
Por cá só tivemos direito a um referendo sobre a regionalização com um formato e um modelo de perguntas absolutamente ridículo, que acabou com o resultado conhecido e isso, sim, foi mesmo um grande passo atrás para todos os que defendem ideias regionalistas.
Há desde logo uma grande diferença à partida: no território continental de Portugal não existe e nunca existiu uma experiência de autonomia como a que se verifica no Reino Unido com a Escócia e no Reino Espanhol com a Catalunha.
Esta é a deixa certa para percebermos as ilações positivas que devem ser retiradas do referendo na Escócia, independentemente de ele ter contrariado a independência referendada. Por um lado, como se percebeu na campanha eleitoral e se ficou com a certeza depois dos discursos de vitória dos líderes dos partidos ingleses que promoveram o NÃO, a Escócia e os escoceses viram a sua autonomia reforçada e assistiram ao reconhecimento governamental, de que há ainda muito mais a fazer para aproximar da Escócia e dos escoceses as decisões sobre os recursos e os interesses que pertencem ou afetam essa parte do território e da população do Reino Unido. Por outro lado, todos aqueles que na Escócia defendiam a permanência da região integrada no Reino Unido perceberam que era possível manter essa situação, enquanto for essa a vontade maioritária dos habitantes, sem que isso belisque (e bem ao contrário até aprofunda) a descentralização e a autonomia já conquistadas.
Já no caso catalão, onde o poder de Madrid optou por uma reação completamente oposta ao procedimento adotado no Reino Unido, considero que a situação de conflito existente também favorece o espírito regionalista, porque todos sabemos que não é com vinagre que se apanham moscas. Apesar do enorme sentimento nacionalista que existe na Catalunha, sei por experiência própria que existem muitos milhares de catalães que hoje marcham nas ruas contra as decisões do Governo espanhol, não porque sempre tenham defendido a independência da Catalunha, mas porque não toleram que um Governo centralista continue a fazer orelhas moucas aos anseios do povo catalão e a lançar mão de todos os expedientes administrativos, para impedir que, pacifica e democraticamente, o povo catalão possa exprimir a sua autodeterminação, como ainda agora aconteceu na Escócia.
Fartei-me de rir quando ouvi e li alguns antirregionalistas portugueses a rejubilarem com estas duas situações acima descritas.
Portugal é um país de brandos costumes, pelo que as coisas poderão levar o seu tempo, mas tenho para mim como certo que se as regiões de Portugal mais esquecidas pelo Terreiro do Paço não virem as suas condições ficar mais próximas das da Escócia, mais tarde ou mais cedo, vai ser o exemplo da Catalunha que vai finalmente abanar os alicerces do poder centralista português.  [Jornal de Notícias]

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