Faz 20 anos que a casa de uma família rica se tornou um museu municipal onde se mostram obras de arte e se recria o modo de vida de há cem anos, quando Leça da Palmeira era estância balnear de luxo. Bem-vindos ao Museu da Quinta de Santiago.
O Museu da Quinta de Santiago é uma pequena ilha de tranquilidade no meio do rebuliço diário de Leça da Palmeira. Mesmo estando cercado pelo vai-e-vem comercial do porto de Leixões, o museu consegue evocar uma época onde não havia carros, camiões ou navios e a memória duma terra de pescadores que também era estância balnear da aristocracia. O edifício tem 120 anos, é museu há vinte - e vale a pena planear uma visita enquanto se assinalam, até dia 29 de Maio, estas duas décadas com uma exposição com obras de 20 grandes artistas e visitas guiadas, que incluem encenações de época.
O passeio é sempre bonito, graças à envolvência da casa apalaçada, com os seus jardins sobranceiros ao porto de Leixões e também pelo que se pode ver no interior do solar, restaurado para exibir a coleção de arte da Câmara de Matosinhos. A casa foi mandada construir no final do século XIX por João Santiago de Carvalho, que encomendou ao italiano Nicola Bigaglia uma habitação luxuosa e eclética, onde cada divisão deveria replicar um dos seus estilos decorativos preferidos. Assim, apenas viajando de quarto em quarto se podem encontrar temáticas italianas ou francesas, medievais ou renascentistas.
Todavia, convém saber que, por pouco, esta bela casa dos Santiago não chegava ao nosso tempo. Na década de 1960, para expandir o porto de Leixões, o Estado expropriou todos os terrenos nas margens do rio Leça, incluindo as quintas da Conceição e de Santiago. Porém, com o andar das obras, verificou-se não haver necessidade de as demolir. E sem encontrar qualquer utilidade para as propriedades, a administração dos portos do Douro e de Leixões propôs à Câmara Municipal a sua compra, o que veio a ocorrer.
Foi só anos depois, na década de 1990, que a autarquia decidiu restaurar a casa para ali instalar um museu que desse visibilidade ao seu acervo de arte. A empreitada foi entregue ao arquitecto Fernando Távora que, além de desenhar o projeto de restauro, chegou até a ir a leilões à procura de mobiliário - por ter frequentado a casa dos Santiago na sua juventude, tinha uma ideia de como ela era originalmente.
Em Abril de 1996, num edifício com 100 anos de história mas quase a cheirar a novo, abria oficialmente o Museu da Quinta de Santiago. Duas décadas volvidas, o museu municipal tem como grande missão a preservação e divulgação da memória histórica de Matosinhos e Leça da Palmeira através da arte.
O primeiro piso é dedicado à história local, reproduzindo vivências dos finais do século XIX e início do século XX. Já o segundo piso alberga exposições de longa duração assentes no acervo municipal que inclui obras de António Carneiro, Ângelo de Sousa, Joaquim Lopes e Aurélia de Sousa, entre outras.
Cá fora, nos amplos jardins com ligação à Quinta da Conceição, além de uma esplanada, podemos encontrar esculturas, o espaço Irene Vilar e a Casa do Bosque, onde está a Cascata Gigante, uma reconstrução representativa de Leça da Palmeira do início do século xx com 15 metros quadrados, de José Moreira.
A casa
Museu da Quinta de Santiago. Rua de Vila Franca, 134, Leça da Palmeira. Tel.: 229952401. E-mail: museuqsantiago@cm-matosinhos.pt. Horário: Terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 15h00 às 18h00. Entrada: 1 euro (visitas guiadas entre 1 e 2 euros a acrescer ao preço da entrada)
20 anos, 20 artistas
Até dia 29 de Maio está patente uma exposição especial comemorativa dos 20 anos do Museu com 20 obras dos 20 artistas mais representativos da colecção municipal. No primeiro piso, poder-se-ão encontrar alguns documentos raros e inéditos relacionados com a história da Casa de Santiago como desenhos, esboços originais, plantas, memórias e cartas, incluindo os projectos de construção e de restauro
Programas para famílias
O museu promove uma série de visitas especiais que podem ser animadas com marionetas e adereços, às escuras com a ajuda de lanternas ou, ainda, teatralizadas com a participação de personagens que outrora habitaram a casa como o Mordomo Baptista, o Cocheiro Gervásio, as criadas Rosa Maria e Conchita e o próprio arquitecto Nicola Bigaglia, todas interpretadas pelos técnicos do museu. Além disso, também promove diversas actividades como festas de aniversário, domingos de famílias, provas de orientação e descoberta e ateliês de exploração das exposições. [daqui]
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