Rui Rio juntou-se ao coro da ignorância antifutebol que está a dar "likes"
Uma claque é um "grupo de pessoas que aplaude ou apoia um espetáculo". Proibi-las, como sugere Rui Rio a propósito dos incidentes de Alcochete, é proibir bombos, tarjas e bandeiras. Mais nada. Além disso, nos termos da lei atual, as claques do Benfica já estão proibidas de existir, mas o correio anda muito atrasado para os lados de Carnide. O que também já está proibido são os bandos de malfeitores que, nos estádios, nas ruas ou em Alcochete, cometem ilegalidades. Fazerem parte de claques não legaliza as ilegalidades, em teoria. Há, de facto, alguns problemas por resolver. Os primeiros são a clubite e a contraclubite (isto é, o esforço para não parecer clubista), que conduzem a generalizações criminosas. Por exemplo, segundo a PSP, entre 2015 e 2017, houve 1600 incidentes com adeptos do Benfica, 1300 com adeptos do Sporting e 600 com adeptos do FC Porto. Se bem me lembro das aulas de matemática, não é o mesmo ter 600 incidentes ou 1600, sobretudo se o clube envolvido nesses 1600 for o das tais claques que estão proibidas. Para abordarem esses 1600, as autoridades dispõem de duas armas que deviam ser eficazes: podem banir adeptos dos estádios e podem obrigar os clubes a jogarem à porta fechada. Mas não fazem nem uma coisa, nem outra. Os adeptos não são banidos, quando são é por pouco tempo e, depois, ninguém verifica se vão aos estádios; e castigar clubes é delicado, porque, em termos estatísticos, seria preciso começar pelo Benfica ou pelo Sporting. Não há nenhuma razão honesta para não haver milhares de adeptos banidos (como aconteceu em Inglaterra, para citar o exemplo dado pela ignorância de Rui Rio), nem recintos interditados. E isto também vale para os Super Dragões que ameaçaram árbitros num centro de estágio. Explique Rui Rio. O político é ele.
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