Hoje faz um ano que André Villas-Boas venceu as eleições do FC Porto, com uma maioria esmagadora de cerca de 80% dos votos. Um ano depois, é impossível não fazer um balanço: foi um desastre monumental, transversal a todas as áreas do clube.
Em termos desportivos, os números são assustadores. No futebol, apenas a conquista da Supertaça serviu de pequeno paliativo (ou o foi o último grito). De resto, foi o descalabro: a equipa caiu para um quarto lugar vergonhoso na Liga, foi humilhada pelo rival Benfica em duas ocasiões (ambas com pesados 4-1, algo inédito em mais de seis décadas), não venceu um único clássico na época, e falhou redondamente nas Taças. Nunca, em memória recente, o FC Porto foi tão banalizado em campo.
As modalidades seguiram o mesmo caminho de tragédia: nenhuma modalidade coletiva conquistou títulos relevantes esta temporada. O ecletismo azul e branco, que era motivo de orgulho, transformou-se numa montra de insucessos. O FC Porto perdeu a alma competitiva em todas as frentes.
No capítulo financeiro, Villas-Boas anunciou com pompa a redução do passivo da SAD em 179 milhões de euros. No entanto, se formos rigorosos — e devemos sê-lo —, essa “redução” não passa de uma reestruturação financeira. A emissão de obrigações no valor de 115 milhões de euros, a 25 anos, apenas adiou encargos. Não houve um abatimento efetivo de passivo na ordem dos números propagandeados. Se contarmos apenas o passivo realmente abatido — sem maquilhagens, sem renegociações e incluindo as novas dívidas contraídas — a redução líquida é mínima e largamente insuficiente face à dimensão do problema estrutural do clube.
Na transparência, outra promessa nuclear da candidatura, o cenário é risível. Muito se falou de auditorias (limitadas no tempo e alcance) e de portais da transparência, mas, na prática, ninguém sabe quanto ganham figuras-chave como Jorge Costa ou Zubizarreta. Quanto custam realmente aos cofres do clube? Quanto se está a pagar pela estrutura montada? Mistério absoluto. A falta de transparência é total, e a gestão de Villas-Boas, nesse aspeto, não se distingue em nada daquilo que criticou no passado.
No mercado de transferências, a incompetência foi gritante. Deniz Gül, apontado como uma das “jóias” para o futuro, saiu-nos uma peça de fantasia rasca. E é apenas o exemplo mais mediático de uma política de contratações feita de improviso e falta de critério.
No fundo, Villas-Boas falhou em toda a linha: falhou no desporto, falhou na gestão financeira, falhou na transparência e falhou na construção de um projeto sério para o futuro do FC Porto. E falta ver o que aí vem.
Resta-me agradecer aos cerca de 80% dos sócios que o elegeram. Foram eles que confiaram no “novo rumo” — e foi este o rumo que nos trouxe até aqui.
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