Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Mito! Qual mito?



Vasco Pulido Valente, no Público de Domingo e num sintético balanço dos mandatos de Jorge Sampaio, afirma que com este se acabaram alguns mitos: o mito da “influência” e o mito da “bomba atómica”.
Diz que Sampaio nem fez um partido tal como Eanes, nem influenciou o seu partido, tal como Soares. E que dissolveu o parlamento sem nenhum drama.
A análise de VPV, ao contrário do que é costume, não só não é exacta mas deturpada.
Por um lado, não é verdade que Sampaio não tivesse influenciado o seu partido. Influenciou e de que maneira: não convocou eleições quando Barroso foi presidir à Comissão Europeia porque tal prejudicava o PS que estava a mudar de líder e assoberbado com o caso Casa Pia. Aguardou sim que Sócrates arrumasse a casa para
dissolver um Parlamento maioritário com fundamento na má … governação?! Note-se: não demitiu o Primeiro-Ministro porque isso não era suficiente para levar o PS ao poder; dissolveu a Assembleia pois, desse modo, havia, como houve, a possibilidade de o PS agarrar o poder. Grande amigo este!
Ora, esta forma de Sampaio influenciar o curso político faz da análise de VPV, essa sim, um mito.
Por outro lado, a dissolução do Parlamento em que existia uma maioria estável não foi somente uma “bomba atómica”, mas sim um “bomba de hidrogénio” nunca vista. Nunca um Presidente em democracia se excedeu tanto nem tomou decisão tão arrasadora e parcial como Sampaio.
Nenhum governo poderá jamais (enquanto não for revista a constituição) governar com estabilidade, pois não estará livre de ver o Parlamento dissolvido, pelas mesmas razões a que se agarrou Sampaio para dissolver o Parlamento em 2004. Razões tão fortes, tão profundas e tão prementes que, delas, poucos portugueses se lembrarão.
“…o País assistiu a uma série de episódios que ensombrou decisivamente a credibilidade do Governo e a sua capacidade para enfrentar a crise que o País vive” disse Sampaio.
Por isso é que alguns socialistas estão com medo que Cavaco ganhe as eleições: admitem a possibilidade de que dissolva o Parlamento. Afinal, não foi o que fez Sampaio?
Que VPV tenha invertido o curso do seu desenvolvimento político e se esteja a deslocar mais para a esquerda, até se compreende. O que não se compreende é uma análise tão desajustada.

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