Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Desabafo

O nosso amigo ' solidario' - Ricardo Bastos -
Escreveu para os Amigos.


Hoje não me sinto bem. Sinto-me revoltado…
Estou oficialmente desempregado desde o dia 1 deste ano novo. Ontem recebi a carta e hoje às 8.15 horas estava numa fila com mais de 50 metros no Centro de Emprego.
Às 9 horas eu já estava na primeirissima parte da fila. Vi atribuirem mais de 300 senhas de atendimento…
Fui atendido as 15 horas e depois esperei para passar a mais um gabinete. Tudo resolvido despachei-me, sem comer nada, por volta das 16 horas…
Vi tanta coisa e sobretudo ouvi cada lamento… Hoje fiquei com a nitida sensação de que o país perdeu a esperança. Não vi quase ninguém, para não dizer mesmo ninguém, com vontade de lutar, com vontade de erguer a cabeça e dizer que ía à luta… Eu calei e engoli. Hoje percebi que o buraco provocado pela falta de esperança é terrivel e o país vai ter imensa dificuldade em sair desta espiral em que se meteu.
Tantas vezes ali passei naquela esquina a caminho do meu trabalho e pensava para comigo: Só tipos que não fazem nada, e eu a trabalhar para tudo isto…
Hoje senti vergonha destes pensamentos que tantas vezes me assaltou. Hoje senti-me mal com esta maneira de pensar de quem nunca tinha passado por nada igual e agora sem que nada tivesse feito por tal, ali estava…
Eu vou á luta e não ficarei quieto, mas o que vi foi o desalento ali colado a mim de forma inequivoca e real.
Hoje poderia dizer que vivi um dia mau, vivi o que nunca pensei viver, que mais valia ter-me fechado em casa e passar o dia no calendário sem que tivesse precisado dele. Mas agora que parei, fechei os olhos e pensei, apetece-me dizer: Obrigado meu Deus por me teres mergulhado no país real, no país das Pessoas, no país de quem não tem forças para lutar porque perderam aquilo que nos habituamos a dizer que é a última coisa a perder: A Esperança…
Amanhã é outro dia e isto a que chamamos vida corre de uma forma vertiginosa e eu não consegui perceber hoje para onde… Senti que as Pessoas não vivem, sobrevivem…
Desculpem o meu desabafo, mas pode ser que ninguem leia isto e tudo não passou de imaginação minha…

2 comentários:

a minha solidariedade para o ricardo bastos, obrigado pela franqueza do comentário,eu felizmente tenho emprego e apartir de hoje nunca mais vou ter o pensamento que tambem me assaltava cada vez que passava no centro de emprego, por isso o meu muito obrigado.
e que tudo corra bem nesta nova fase, que concerteza será curta.

 

" Tantas vezes ali passei naquela esquina a caminho do meu trabalho e pensava para comigo: Só tipos que não fazem nada, e eu a trabalhar para tudo isto…
Hoje senti vergonha destes pensamentos que tantas vezes me assaltou. Hoje senti-me mal com esta maneira de pensar de quem nunca tinha passado por nada igual e agora sem que nada tivesse feito por tal, ali estava…"

Caracteristica do portugues, generalizam e julgam por igual, cospem para o ar mas as vezes a escarradela bate na testa.

Digo isto por já fui acusado de nada querer fazer e quem acusa e julga não imagina as humilhações nas entrevistas e não andam a conferir os esforços do desempregado em arranjar trabalho apenas julgam e assumem que só não trabalha quem não quer.

Dito isto espero que resolva a sua situação.