"Eu, como sou jurista, não consigo colocar ninguém sob suspeita", declarou o ministro da Defesa à SIC, na noite da passada sexta-feira. O que não invalidou o afastamento preventivo de cinco comandantes de unidades - primeiro exonerados, como se comunicou musculadamente ao País dada a necessidade de tomar "medidas robustas", depois "exonerados temporariamente", espécie de torcicolo semântico para aplacar a ira generalizada nas fileiras militares, e finalmente dignos da "máxima confiança" de quem os afastou.
Não falta quem diga que esta rocambolesca sucessão de episódios mina ainda mais a confiança dos cidadãos nas instituições e corrói a autoridade do Estado. Ou não tivéssemos um ministro que foi capaz de dizer isto na entrevista televisiva: "Para não pensarmos que somos anormais no contexto europeu e mundial, basta procurar 'roubo de armamamento militar' no Google e vamos chegar a conclusões interessantes."
A mim, por estes dias, o Governo parece-me mergulhado em cenas dignas do País das Maravilhas - com a sua Alice, o seu Gato de Chesire e o seu Chapeleiro Louco. Entretanto, uma semana após a pilhagem (ou "furto", no imaculado eufemismo agora em voga) de Tancos, o ministro, o chefe do Estado Maior General das Forças Armadas e o chefe do Estado Maior do Exército permanecem agarrados com firmeza aos seus postos.
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