Quando Rui Rio ganhou as eleições no PSD, fez questão de deixar claras as seguintes coisas:
- a) que, consigo, o PSD nunca seria um partido de direita liberal;
- b) que o seu parceiro natural, para as “grandes reformas”, não era o CDS, mas o PS;
- c) que o partido tinha andado por maus caminhos, com Pedro Passos Coelho, e ele iria agora repô-lo nos carris certos.
Esta mensagem foi aplaudida entusiasticamente por figuras do PSD, a quem esse partido nada deve a não ser derrotas, encabeçadas pela entusiasmante Manuela Ferreira Leite, que chegou a dizer que preferia um PSD “piqueno” a um PSD de direita. Muitos viam nela uma estratégia genial do líder, a quem vaticinavam um regresso rápido ao governo, de mão dada com António Costa. Mas essa mensagem contém um erro fatal: é que, desconsiderando a velha questão de saber se o PSD é, ou não, ideologicamente um partido de direita ou se é um partido de centro-esquerda e social-democrata, boa parte do seu eleitorado foi-o sempre.
Ora, esse eleitorado ficou profundamente desagradado com as danças nupciais que Rui Rio ia fazendo ao primeiro-ministro António Costa. Porque, como alguém dizia há uns dias, “para social-democrata já temos o PS; o PSD tem de ser um partido liberal”.
Como, de resto, sempre o foi, desde a sua fundação, a cargo dos mais destacados deputados da “Ala Liberal” marcelista, e como sempre o perspectivaram os eleitores:
- o PSD foi o partido que abriu o governo à direita, no pós-25 de Abril, com a AD e Francisco Sá Carneiro, e os eleitores votaram nesse projecto alternativo ao socialismo;
- o PSD foi o partido que pôs fim ao Bloco Central com o PS, com Cavaco Silva, e os eleitores deram duas maiorias absolutas a esse projecto alternativo ao socialismo;
- e foi o PSD de Durão Barroso e de Pedro Passos Coelho que ganhou eleições contra o PS, contra o pântano de Guterres e a bancarrota de Sócrates, porque os eleitores votaram em projectos alternativos ao socialismo.
Qualquer cego vê isto, menos o Dr. Rui Rio. Sucede que o Dr. Rui Rio não está à porta dos Congregados a pedir esmola, mas à porta de cada português a pedir-lhe o voto. Se estes não lho derem e entregarem o poder ao PS e à esquerda radical, o Dr. Rio só se poderá queixar de si mesmo e da sua inépcia política. Porque, no fim de contas, ninguém consegue hoje responder à pergunta essencial: que projecto alternativo ao do PS nos oferece o PSD de Rui Rio?
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