Obras na linha do Minho metidas na gaveta
As obras na Linha do Minho vão ficar de novo congeladas. Segundo o presidente da Câmara de Viana do Castelo, dos 47 milhões prometidos no ano passado por Passos Coelho, foram reservados 5 milhões.
Uma das decisões que saiu da Cimeira Ibero-Americana, no ano passado, no Porto, foi de que as obras na Linha do Minho avançariam este ano. Viria a tornar-se uma resolução histórica, já que surgia cerca de um ano depois de a CP ter decidido suspender a ligação entre o Porto e Vigo, por falta de passageiros.
Os espanhóis fazem grande questão nessa empreitada e o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, empenhou a sua palavra de que iria inscrever, neste ano, uma verba de 47 milhões de euros no Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) para a eletrificação e pequenas reparações no troço da Linha do Minho, entre Nine e Viana do Castelo.
No entanto, segundo José Maria Costa, presidente da Câmara de Viana do Castelo, numa recente viagem a Lisboa, ficou a saber que, afinal, o valor inscrito pela REFER para a desejada obra é de cinco milhões de euros. Isto é, inviabiliza qualquer empreitada. "Fiquei estupefacto. É uma obra de extrema importância para o Eixo Atlântico, temo-lo tentado feito sentir, mas não surtiu efeito. Estamos a tentar marcar uma reunião com o secretário de Estado dos Transportes para apresentar a nossa apreensão", afirmou o autarca.
José Maria Costa recorda que a associação do Eixo Atlântico representa 37 cidades luso galegas e cerca de 22 mil empresas dos dois lados da fronteira, para as quais "a ferrovia tem cada vez mais interesse porque liga importantes núcleos urbanos" e que as portagens tornam o transporte rodoviário cada vez menos atrativo.
"Estamos expectantes, vamos pugnar por esta ligação, que, depois de pronta, reduzirá o tempo de viagem de três horas e meia para 1,50 horas. Ou seja, permitir-nos-á sair do século XXI e entrar no século XXI", afirmou o presidente da Câmara.
Recorde-se que Passos Coelho assumiu, no ano passado, o compromisso de que a modernização da Linha do Minho era uma prioridade para o país e que o Governo tinha incluído, no âmbito da reprogramação do QREN, a eletrificação da linha entre Nine e Viana do Castelo. E que, até 2015, avançaria o segundo troço, até Valença.
José Maria Costa promete não calar a sua indignação e de que a levará ao Terreiro do Paço. E está certo de que terá os galegos do seu lado. "O nosso Governo tem de estar ciente de que se trata de um transporte de passageiros e de mercadorias vital, de ligação ao Porto e a Santiago de Compostela", salientou, sublinhando que pode, ainda, articular as universidades daquelas duas cidades. "Temos um potencial de cerca de dois milhões de habitantes que não podemos ignorar", sustentou.
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