Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

O dia do teatro transformado, pela RTP, no dia do palhaço

REGRESSO AO PASSADO

José Sócrates tem, naturalmente, todo o direito à palavra. Ninguém aliás lhe negou esse direito: o ex-primeiro-ministro quebrou só agora o silêncio porque assim o entendeu. E vai continuar a quebrá-lo em doses contínuas no canal público de televisão, algo sem paralelo na Europa. Ninguém imagina Tony Blair a analisar a governação de David Cameron como comentador residente da BBC, ou Zapatero a fazer marcação a Rajoy com púlpito semanal na TVE, ou Nicolas Sarkozy a dissecar regularmente os actos de François Hollande como animador político nos estúdios da France 2.
O problema de Sócrates não é o silêncio. O problema não é sequer esta originalidade tão portuguesa de ter como comentadores televisivos, como se fossem figuras isentas, alguns dos maiores protagonistas da cena política doméstica, que a todo o momento teriam necessidade de fazer declarações de interesses: afinal de contas, só os escuta quem quer.
O problema de Sócrates é surgir como um insólito plágio de si próprio. Para ter verdadeira eficácia, precisaria de ser um Sócrates reinventado. Precisaria de surpreender os portugueses, recriando-se como figura pública neste seu regresso ao comentário televisivo num remake do tirocínio mediático que o guindou à liderança do PS, em 2004.
Mas, na longuíssima entrevista à RTP, surgiu afinal o Sócrates de sempre.
A entrevista esgotou-se num anacrónico regresso ao passado, transportando-nos a 2011. E serviu para confirmar como a vida política acelera de forma vertiginosa. Foi apenas há dois anos e parece ter sido há duas décadas.
Na política, como no teatro, é fundamental não falhar o tempo - por lentidão excessiva ou manifesta precipitação. Sócrates é um actor consumado, mas ficou-me a sensação de que falou no tempo errado. Algo ainda mais estranho porque foi ele mesmo que o escolheu. [daqui]


Nota: percebemos agora aquela rábula do António Costa e dos anti-Seguro; afinal a oposição estava aguardando o "desejado", o "impoluto", aquele cujo algodão tudo apagou. Por mim, abatam-no!

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