"É no Norte que existe uma genuína pulsão empreendedora que se traduz na hegemonia do Norte sobre o sector que nos poderá salvar: os bens transaccionáveis destinados à exportação. Sem este Norte, Portugal não seria viável enquanto nação". Esta é conclusão a que chegou o jornalista Henrique Raposo, após uma viagem no eixo Aveiro, Porto, Braga, "uma viagem pessoal ao Norte Atlântico". O trabalho é tema de capa da revista Exame de Julho.
Para o autor, o Norte " é o nosso espaço tocqueviliano por excelência. É ali que existem laços comunitários gerados nas igrejas. É ali que a família conta a sério, em vida e na morte. Ao contrário dos cemitérios lisboetas e de outras cidades do Sul, os cemitérios nortenhos não são abandonados. É no Norte que existe um associativismo desportivo que se traduz numa hegemonia dos clubes sobre o futebol, o basquetebol, o hóquei, o andebol. É lá que existe uma genuína pulsão empreendedora que se traduz na hegemonia do Norte sobre o sector que nos poderá salvar: os bens transaccionáveis destinados à exportação".
Mas Henrique Raposo vai mais longe, ao escrever que "sem este Norte, Portugal não seria viável enquanto nação".
Sobre a balança comercial, a Exame conclui que "quando se confrontam as vendas e as compras de mercadorias ao estrangeiro de cada concelho, torna-se mais nítido que os maiores excedentes comerciais estão mais a norte do que a sul do país. Lisboa pode ser o concelho mais exportador do país, mas também nenhum outro importa como a capital portuguesa que, pelas contas da Pordata, gerou um défice comercial acima dos dez mil milhões de euros em 2014".
A Exame também analisa quais são os sectores industriais mais importantes e conclui que a grande novidade é o sector mais tecnológico: "A grande notícia não está na exportação de chapéus ou sapatos, mas sim na exportação de alta tecnologia, moldes ou estruturas metálicas. De resto, a indústria metalúrgica e metalomecânica exporta mais num mês do que a indústria do calçado num ano".
A SOFISTICAÇÃO DO PORTO
Sobre o Porto, a Exame classifica-o como o motor do Norte e chama-lhe "sofisticado", citando vários exemplos de empresas tecnológicas de alcance mundial instaladas no Porto e nos concelhos limítrofes, "O Porto também faz parte da revolução 4.0. A Farfetch é um possível unicórnio; a MuchBeta vende software para empresas de todo o mundo; a Ndrive é uma das líderes mundiais em software de identificação; a Critical Manufacturing cria software para robôs de fábricas, exportando para empresas americanas e para a ASE (Taiwan), que é só o maior produtor mundial de chips; a Ebankit é uma das fintech mais interessantes do mundo", escreve-se.
O mapa da imagem que ilustra esta notícia é também publicado pela Exame e explica quais as zonas do país que atraem os maiores projectos do Porto 2020.
Ainda acerca da crise da dívida e do ajustamento recente em Portugal, a Exame conclui de forma taxativa: "Não foi o país que viveu acima das suas possibilidades. Lisboa é que viveu e continua a viver acima das possibilidades do país. Agora, para recuperar algum do respeito perdido, a região de Lisboa só tem dois caminhos: ou importa menos ou exporta mais". E encerra com um número: "44% é o peso do Norte nas vendas do país ao estrangeiro, importando muitíssimo menos do que aquilo que exporta".
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