Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Os truques da imprensa portuguesa: o execrável Pedro Guerra




Trata-se um trabalho do Observador sobre Pedro Guerra, hoje em dia conhecido essencialmente como comentador desportivo, mas que foi durante vários anos jornalista do Independente e, depois, assessor de imprensa de Paulo Portas enquanto Ministro da Defesa e do Grupo Parlamentar do CDS.
Neste texto, o próprio Pedro Guerra e jornalistas que com ele lidaram quando era assessor dão conta de algumas práticas que só podem ser consideradas eticamente condenáveis. Por exemplo:

1. Em 2001, Pedro Guerra publicou uma notícia com matéria factual sobre um problema de Luís Filipe Vieira com a justiça. Uma semana depois, almoçou com Vieira e 'rendeu-se' ("fiquei rendido àquele homem"). Alguns anos depois, tornou-se seu assalariado.
2. A relação de Pedro Guerra com alguns elementos do aparelho judicial, nomeadamente procuradores do Ministério Público, era tão próxima que "chegavam a emprestar-lhe os originais dos processos para ele fotocopiar. Se os papéis se perdessem, acabava-se o processo".
3. Por vezes, o jornalista Pedro Guerra só confrontava as pessoas visadas nas suas notícias "a horas tardias, o que não lhes dava margem para responder. E ele lá escrevia 'Contactado pel'O Independente, não reagiu'". Esta acusação em concreto é confirmada por Pedro Guerra: "A partir de determinada altura, percebemos que, se confrontássemos os visados com muita antecedência, queimávamos a história".
4. Enquanto assessor de imprensa, Guerra esforçar-se-ia por condicionar as notícias publicadas sobre o ministério que integrava: avisava previamente os jornalistas que lhes faria chegar informação; esta era enviada em cima do fecho das redações, para que houvesse pouco tempo para ser trabalhada; supostamente, a informação vinha já redigida "em forma de notícia já escrita e adaptada ao jornal a que cada um pertencia" (Guerra nega esta acusação).
5. Por vezes, Guerra não convocaria para conferências de imprensa jornalistas que considerava mais incómodos.
6. Por engano, chegaram a jornalistas sms's de Guerra dirigidos a outras pessoas a solicitar que interviessem no fórum da TSF "a dizer bem de Paulo Portas".


Todos estes factos foram avançados ao Observador por jornalistas, e apenas um deles, como assinalámos, é desmentido pelo visado. Num esboço biográfico de um jornalista que se torna assessor, encontramos um pouco de tudo: um jornalista que se deixa condicionar por um visado por uma notícia sua; relações promiscuas entre a imprensa e a justiça; tentativas de contornar as regras básicas da profissão (neste caso, a audição das diversas partes visadas numa notícia), procurando cumpri-las formalmente, mas furá-las na prática; esforço de condicionamento pelo poder político das matérias publicadas (o que é tão mais grave vindo de alguém que esteve 'do outro lado'); manipulação de fóruns da opinião pública.

Não sabemos se tudo isto é rigorosamente verdade, sabemos que o próprio, ouvido por quem elaborou a peça, só desmentiu uma pequena parte. Por isso temos de admitir, pelo menos, um certo grau de verosimilhança global. E, não entrando em generalizações, também é verosímil que Pedro Guerra não seja caso único. Muitas vezes, quando nós e os nossos seguidores damos conta de um truque, não sabemos, na verdade, que mecanismos é que estão por trás dele. Talvez este interessante trabalho do Observador possa ser uma boa fonte de algumas pistas.

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