Não será muito difícil perceber que, em nome do combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus, a Covid-19 passou a ter estatuto de deus e tudo o resto vale apenas na posição relativa que tem perante esta doença que é omnipresente, omnipotente, transcendente... Nesta relação com o supremo, começamos por sacrificar a economia e, estamos agora a perceber de forma evidente, sacrificamos também desde o primeiro momento os portadores de outras doenças.
Pelo medo, a raça humana é altamente influenciável. Nascem assim as ditaduras e esta já se instalou com grande adesão popular. Conhecemos, mas ignoramos conscientemente, os efeitos nefastos desta servidão, em que uma vida com Covid salva parece valer muito mais que uma outra vida qualquer. Ouçamos o que nos dizem os médicos das diferentes áreas, o SNS aguentou muito bem este combate, não colapsou, simplesmente porque esteve quase em exclusivo a tratar da Covid.
Sou contra esta ditadura desde o primeiro minuto e não é por atrevimento ignorante. Não me dedico a apontar soluções e não me estou a formar como epidemiologista, mas também não desconheço que muitas vezes se abandonam as terapêuticas seguidas por causa dos efeitos adversos que provocam. Está na hora de nos libertarmos desta ditadura, está na hora de iniciar um processo de desmame do confinamento que muitos pretendem ser a única cura possível. Não só não é a única cura, como é bem possível que, exigindo um SNS quase em exclusivo, já esteja a matar mais do que salva.
Precisamos de ser responsáveis, regressando à vida com todos os cuidados, que nos protejam a nós e aos outros, usando máscaras sempre que estivermos em locais movimentados, mantendo distância segura sempre que for possível, limpando as mãos com frequência com álcool gel. Exigindo do Estado limpeza eficaz e frequente de todos os espaços públicos. Há uma percentagem significativa de pessoas contagiadas, estando confinadas em casa, por não terem tido todos os cuidados necessários.
Recolhemos a casa com medo e não deve ser o medo a impedir-nos de fazer o caminho inverso. Racionalizemos o que estamos a viver, vamos dar o devido valor ao novo coronavírus e à doença que ele provoca, sem que isso faça com que tudo o resto passe a valer muito pouco ou nada. Por agora fixemos na evidência de que há análises e exames que não estão a ser feitos e cancros que não estão a ser diagnosticados, como lembrou este fim de semana o presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, Rui Tato Marinho.
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