A Imprensa desportiva é a mais atingida pela pandemia e também pela ignorância, favoritismo e laxismo do Estado.
Hoje, segunda-feira, O JOGO entra no primeiro "lay-off" da sua história, meses depois de ter encerrado o exercício de 2019 com resultados financeiros positivos.
Num mundo perfeito, seríamos julgados pelo que somos, não pelo que dizem que somos, nem pela opinião estabelecida antes de se ler uma única palavra do artigo. Ainda assim, há de ser consensual que somos um dos dois únicos jornais nacionais ainda sediados no Norte, embora o Norte - tão ferozmente defendido por causa de uma patetice num oráculo da TVI - raramente se aperceba disso ou se dê ao trabalho de imaginar um futuro sem diversidade de sotaques.
Também é consensual que só queremos futebol, mas ignorando a importância social desse jogo e, logo, a necessidade de o escrutinar, e também que há umas duas dezenas de modalidades que, sem os jornais desportivos, não teriam qualquer cobertura da Imprensa, nem das televisões, muito menos das rádios. E as outras, poucas, só teriam quando fosse mesmo, mesmo obrigatório. Apesar disso, recebemos do Governo a gratidão de um pacote de ajudas anedótico e que nem menção faz aos jornais desportivos. Mas queremos ajudas do Estado? Não, queremos a responsabilização do Estado pela negligência, laxismo e indiferença com que permite um assalto dos grandes monopólios ao trabalho da Imprensa séria - e nós somos Imprensa séria.
Não nos confundam com as televisões tabloides, não publicamos festivais de insultos. Leiam e vejam, perguntem, apercebam-se, estudem. E também não nos confundam uns com os outros. O JOGO tem uma redação em Lisboa, bastante maior do que as delegações dos nossos concorrentes no Norte, e nenhum dos jornalistas que lá estão deixará de trabalhar com o "lay-off".
Os casos não estão relacionados, mas, depois de todo este contexto, é especialmente agradável receber a notícia de que a Santa Casa de Lisboa acaba de ajudar um jornal desportivo ("A Bola") com a compra de uns milhares de assinaturas, esquecida talvez de que as lotarias tanto se vendem no Bairro Alto como em Campanhã ou no Toural.
Há vírus e enteados.
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