É seguro que não vão faltar os comentadores lisboetas a verem na vitória eleitoral de Rui Rio a derrota do FC Porto e de Pinto da Costa. Se Rio, que governou de costas voltadas para o FC Porto, teve 46% de votos, é porque o Porto-cidade lhe deu razão nessa atitude. Mas como se explica então que, do outro lado do rio, o grande apoiante do FC Porto — Luís Filipe Meneses — tenha tido 58%? É inútil tentar explicar que uma e outra coisa não estão ligadas e a vitória de Rui Rio teve que ver com outras coisas e não foi conquistada contra o FC Porto mas apesar disso. E, se é verdade que ele tem o mérito de ter ganho sem precisar do FC Porto, também este ganhou — no País, na Europa e no Mundo — sem precisar do presidente da câmara do Porto. E uma coisa eu vos posso garantir: é que, se no Mundo inteiro não há quem saiba quem é o presidente da câmara do Porto, também não há quem hoje não saiba que fica em Portugal uma cidade chamada Porto, onde joga o FC Porto. Quanto mais não fosse, bastaria esse simples facto para que devesse ser tido como uma anormalidade o desprezo a que o presidente da câmara do Porto vota a instituição que até hoje mais fez pelo nome e pelo prestígio da cidade — mais até que o vinho doPorto. EmLisboa tal facto é tido como motivo de louvor e exemplo da saudável separação entre o futebol e a política. Curioso é que não tenham nunca uma palavra a dizer sobre os apoios constantes que as sucessivas vereações camarárias de Lisboa dão ao Benfica, ao Sporting ou ao Belenenses. Não há nada mais confortável que pregar moralidade no quintal do vizinho...
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