Pelos vistos, Lisboa e Oeiras assinaram um acordo de 3.5 milhões de euros sem saber ao certo o que assinavam. Trata-se do famoso acordo com a Red Bull Air Race para levar a corrida dos aviões para as extraordinárias paisagens do Rio Tejo, embora os espectadores só possam apreciar a coisa na televisão ou com uns bons binóculos.
Para se perceber mais uma vez como foi também extraordinária a forma como se levou a prova para a capital, há esta notícia de que o presidente da Câmara, António Costa, não sabe afinal bem como é que vai financiar a prova. Porque afinal os patrocínios são quase todos da Red Bull e as Câmaras só têm que pagar. São 3.5 milhões de euros.
O GRANDE PORTO já tinha dado conta que ninguém sabia bem o que estava a fazer na Câmara da capital, em notícias com que fomos acompanhando o caso - o site da Câmara de Lisboa falava em garantir 50 mil espectadores!
Mas é fantástico como num país em crise se surripia uma prova que decorria com êxito noutro ponto do país sem ter todas as certezas do que se estava a fazer.
Se o contrato está assinado - há fotografias de Costa sentado ao lado de Isaltino Morais a documentar - então que é que se há-de fazer?
Eu tenho uma solução: corta-se qualquer coisa no que se gasta nos coretos de Lisboa, uns pasteis a menos no Mundial de Jovens Pasteleiros que custa 300 mil euros e já se está quase lá. Que é como quem diz, o Casino Lisboa tem boas receitas e paga.
Mas só mesmo em Lisboa, só mesmo na capital, uma cena destas se pode passar. Em que se tratam contratos de milhões sem se ter a certeza do que se anda a fazer e do que está ou vai estar no contrato.
Já tivemos o famoso “Está tudo tratado só falta o dinheiro” do tempo em que havia um presidente do Sporting de bigodes que tinha gostos caros e bolsos baratos. Agora temos o “Está tudo tratado só faltam os patrocínios” da Câmara.
Mas que outra autarquia se poderia dar ao luxo de assinar um contrato desses sem todas as garantias?
É porque Lisboa tem todas as garantias de que paga - se não forem outros, deve ser o Turismo de portugal que é um bom amigo.
É por estas e por outras que o povo não percebe muito bem o que é a crise. É que por um lado sente o desemprego a aumentar dia a dia no aparelho produtivo, enquanto o aparelho improdutivo da capital se entretém com estes extraordinários benefícios de soma negativa para o país - a prova era mais barata quando se desenrolava entre o Porto e Gaia e ainda por cima tinha sucesso.
O país não pode continuar a assistir a que se dissipe riqueza num lado e se ande a mendigar no outro.
Se o Casino de Lisboa dá receitas para tudo e mais alguma coisa, o que isso quer dizer é que as receitas assim obtidas têm que ser repartidas de outra forma. Está tudo dentro da mais estrita legalidade?
Claro, mas as leis mudam-se quando é preciso. Se Lisboa tem mais de um milhão para alindar os seus coretos e Vimioso não tem um limpa-neves, é forçoso que alguém saiba redefinir as prioridades e colocar o dinheiro ao serviço do que é necessário.
Via o Nosso Semanário: Grande Porto
(observação: tivesse o Porto mais jornalistas como este Homem...)
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