(...)
O que não está ainda ao alcance de muitos é a compreensão de que esse dislate resulta de uma lógica viciada pelo pressuposto centralista em que assenta. Da mesma lógica resulta, por exemplo, para os jornais ditos nacionais das TVs generalistas uma discussão de trânsito com bofetada em Alcântara tem interesse geral, escarnecendo dos cidadãos das regiões autónomas e, claro está, dos da "província".
Isto é assim porque todas as estradas, ruas e vielas vão dar a Lisboa, pelo que o único que interessa ao país em peso é o tráfego dos acessos à capital.
Fazer passar subliminarmente esta impressão é importante para a eternização da bacoca macrocefalia nacional. A descida dos lobos províncianos ao povoado lisboeta, como acontecerá com o universo Sonae, impressiona-me pouco: renderam-se à evidência de que os vasos comunicantes é lá que se estendem entre os interesses e o poder central, que tantas benesses lhes assegura. A regionalização como eu a entendo não as daria de certeza, porque não poderia fazer o que faz Lisboa: vende o que não está lá.
Hoje a Sonae está em Lisboa? Amanhã estará simplesmente em Dublin, como faz a Cisco e tantas empresas ainda livres de migrar em segundos, consoante os impostos.
O que me impressiona mesmo é como aquele imenso rebanho de importantes desgraçados, condenados à glória da suburbanidade "cosmopolita", ainda não entendeu que a sua própria regionalização os ajudaria a ter uma vida melhor!
Por isso, não creio que beneficie a causa da regionalização deixar que se faça crer que ela é ou, sequer, que sobretudo é um problema do Porto ou do Norte.
É um sério, grave, problema de um Portugal doente.
via REGIONALIZAÇÃO/DESCENTRALIZAÇÃO
0 comentários:
Enviar um comentário