Taylor's teme efeito da nova lei da aguardente na imagem do vinho do Porto
David Guimaraens, director técnico e enólogo da The Faldgate Partnership, o grupo detentor da Taylor's, Fonseca e Croft, está preocupado com "decisões irreflectidas e irresponsáveis" que poderão "por em risco o vinho do Porto, o que de melhor temos no mundo". Em causa está o diploma aprovado recentemente em Conselho de Ministros - e que aguarda promulgação do Presidente da República -, que permite o uso de aguardente de origem vitícola (ou seja, produzida a partir dos subprodutos da vinificação, como o bagaço ou a borras) no vinho do Porto e nos vinhos licorosos Moscatel do Douro.
Embora o Governo e o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto assegurem que a medida não tem qualquer impacto nas características qualitativas destes vinhos, David Guimaraens duvida e considera "irresponsável" avançar com a medida "sem fazer experiências e ensaios" sobre os seus efeitos.
"Como enólogo assumo que isto é muito preocupante. Estamos a brincar com o fogo, ninguém pode provar que não implicações na qualidade", protesta.Com 12% do volume de vendas do sector, mas 15% do valor (dados de 2011, que a Fladgate estima ter reforçado em 2012), o grupo assume-se como especialista na produção de vinhos do Porto de categorias premium. Faturou, o ano passado, 53,4 milhões de euros neste negócio (complementado com o turismo e a distribuição).
David Guimaraens lembra, por isso, que, se calhar, "para quem está vocacionado para a produção de vinho do Porto de primeiro preço, esta medida pode ser olhada numa perspetiva economicista", mas garante que, para quem faz das categorias especiais o seu negócio estratégico, isto pode "destruir a imagem conquistada ao longo de anos".
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